terça-feira, 17 de outubro de 2017

A REVOLTA DE PABLITO- TEXTO PREMIADO..

A Revolta de Pablito






(Santo Estevão – BA)
Pablito era um menino magrinho, olhos que mais pareciam duas bolinhas de gude de tão azuis que eram, daqueles que no escuro brilhavam como pedacinhos de cristal. Os cabelos amarelos todos encaracolado pareciam lã de ovelhas, caiam na testa dando um ar de anjinho, a pele era clarinha como pingo de leite de cabra quase um branco azulado.
O menino branquelo como Pablito era chamado não gostava da sua cor e para disfarças colocava boné e vestia camisa de mangas compridas, mesmo assim o menino não passava despercebido e todos que o encontrava pela primeira vez ia logo perguntando:
– Menino você veio de que pais? Se aqui não existe outras pessoas da sua cor como pode ter nascido assim tão branquinho. Indagavam com curiosidade ao ver que todos os moradores eram de cor moreno jambo.
– Eu sou daqui sim. Gritava Pablito saindo correndo e se escondendo em seu quarto.
Ao lado da casinha onde vivia com a bondosa velhinha que o criou como seu filho de coração morava seu melhor amiguinho de pele bem escurinha e muito alegre com seu sorriso aberto de dentes perfeitos. Pablito achava o seu amiguinho o garoto mais lindo que tinha visto em toda a região.- E pensava:
– Eu queria ter nascido assim com essa cor de jabuticaba madurinha no pé, triste continuava: Fui achado dentro de uma caixa jogada na beira do riacho, nem sei se sou mesmo desse mundo, mas tenho uma mãezinha que me ama como se tivesse nascido dela, ou mais quem sabe, pois, aquela que me deu a vida me jogou no mato.
Um dia, ele foi até a casa de um homem bem velho o mais sábio e respeitado por todos. Foi logo perguntando:
– Eu queria que me falasse de onde venho? Quem sou eu e porque sou assim desbotado? Será que a mulher que foi a minha mãe me pintou com tinta e depois colocou na beira do riacho, ou será que tomei muito banho de leite de cabra? Pablito indagava tanto que nem mesmo respirava para ter uma resposta.
O velho sábio balançava a cabeça branca sorrindo da aflição daquele menino impaciente.
– Venha sente-se aqui ao meu lado disse o velho que tudo vê e pouco sabe como dizem menino não fique tão aflito, você não foi pintado e nem veio de outro mundo, nessa vida existem pessoas de todas as cores como se fosse um arco-íris de gente.
A conversa com o velho sábio deixou o menino animado, saiu pulando de alegria, mas nunca iria entender a sua cor desbotada. Um dia foi até a beira do rio onde um grupo de mulheres tirava barro para fazer panelas, olhou viu que o barro era bem escuro e logo teve uma ideia, deitou no barro se mexeu tanto que saiu pretinho, pretinho, agora bastava ficar ao sol o barro secava e ele ficaria igualzinho a todas as crianças da vila e nunca mais iriam lhe chamar de menino branquelo.
Saltitando correu e todos que iria encontrando gritava alegremente:
– Bom dia!- Eu sou um novo garoto igualzinho a todos os outros.
Todos riam nadas diziam e deixavam que o garoto seguisse com a sua alegria achando que agora era pretinho e não branquinho. Ele se esqueceu de lambuzar o rosto, ficando bem engraçado, todo escurinho com o rosto branquinho e os cabelos claros o que destacava ainda mais a sua cor.
Quando ele chegou à casa sua mãe o abraçou e com palavras carinhosas mostrou que a felicidade estava dentro do coração e que todos eram iguais da mesma cor. Com um alfinete furou o seu dedo depois o do garoto e mostrou que a importância da vida era o sangue e não importava a cor da pele.
O menino abraçou a mãe e entendeu que não ficaria mais triste por ter a sua cor diferente e nada iria atrapalhar a sua felicidade, beijou o rosto da mãe e saiu para encontrar seus amiguinhos, a vida a partir daquele dia era vista com uma beleza diferente, o amor que recebia de todos era o que importava.
E assim o menino viveu a sua vida em plena felicidade.

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