O sabiá só sabia reclamar, acordava bem
antes do Sol espreguiçar, sacudia as asas estufava o peito e no seu canto
sonolento reclamava:
- Onde foram todos os passarinhos que
não vejo para começar a sinfonia. Oras! oras!
O jardim está sem cor as flores ainda dormem, falta o som do canto das
cigarras e dos nobres companheiros passarinhos.
Nessa manhã o céu estava nublado,
gotinhas de chuva se misturavam com a neblina e nem mesmo as borboletas se
atreviam a molharem as suas asinhas deixando o sabiá cheio de curiosidades.
Tudo parecia ainda dormir, aquele
silêncio, apenas um atrevido sabiá querendo mandar até no tempo.
O curió todo enroladinho em suas asas
no aconchego do ninho se sacode olha a folia do sabiá, molha o bico numa gota
de orvalho e diz ainda rouco:
-
Amigo sabiá com esse friozinho só dá vontade de comer algo bem quentinho
e continuar dormindo cada em sua casa. Pare de tanta folia. Veja, o jardim está
vazio, nem as abelhas apareceram para coletar o néctar, lagartinhas quentinhas
nas folhas, nem as formigas se atrevem a circular pelo chão frio.
O sabiá sem nada concordar viu o bem-
te- vi abrindo o bico bocejando e num balançar de penas indagou:
-
O que está acontecendo?
- Oras! respondeu o sabiá. Não vê o
atraso de todo o jardim, Até o senhor Sol anda preguiçoso sem querer acordar.
O curió resolveu entrar na conversa, -
Vejam lá na roseira duas bobas lagartinhas picotando as folhas sem se
importarem com a chuva que tá engrossando,
De lá as lagartinhas responderam:
- Não temos medo de chuva e precisamos
comer e ficar bem fortes, logo estraremos no casulo e vamos sair lindas
borboletas fortes e sadias para voarem livres por esse jardim.
O sabiá então pensou: Se o tempo hoje é
de chuva e frio, vou tomar banho, escovar o bico, comer boas sementes
fresquinhas e voltar para o aconchego do meu ninho. E aviso, hoje não terá cantoria palavra do
mestre sabiá. Enquanto o jardim continuava enroladinho no silêncio.
Irá
Rodrigues
Nenhum comentário:
Postar um comentário