quarta-feira, 19 de junho de 2019

AVENTURAS DO ESQUILO




Depois das chuvas de verão, o rio corria sem pressa era como se não desejasse chegar a lugar algum. As águas seguiam margeando os barrancos e as encostas trazendo gravetos e folhas secas. O barquinho seguia como o balanço de uma rede, sendo levado pra lá e pra cá, tornando a viagem calma, dentro dele o esquilo tranquilamente adormecido e nem percebia que ao seu lado um peixinho miúdo de barbatanas amareladas nadava numa poça de água no casco do barquinho.
Por certo chegou com os esguichos da água quando uma correnteza passou sem avisar. - Pensou o esquilo ao abrir os olhos e deparar com aquela criaturinha.
- Um monstro! Gritou o peixinho muito afobado como se temesse ser engolido.
Naquele momento uma sombra encobriu o barquinho, foi então que o esquilo se deu conta  do que estava acontecendo. Um peixinho tão miudinho e falante.
-Não é nenhum monstro seu peixinho minúsculo que de tão pequeno nem serve para matar a minha fome- disse o esquilo.
O peixinho abriu a boca, arregalou os olhinhos. - Você teria coragem de fazer mal a uma criaturinha tão linda assim? – Indagou o peixinho.
- Mas se não é monstro. O que é então? Perguntou em tom de segredo.
- Apenas galhos enormes pendidos  no meio do rio. Agora fique quietinho. Falou o esquilo.
-Mas parece um monstro com braços e mãos  balançando como se quisesse nos alcançar. Cheguei até a pensar que vi dois enormes olhos vermelhos usando óculos e uma boca esfomeada prontinha para nos devorar. Concluiu o peixinho.
Os galhos se balançaram e disseram:
- Os peixes falam, falam, mas nunca param para nos ouvir, queixaram-se os galhos.
O tremor foi tanto que o esquilo se encolheu temendo o pior, seria mesmo um monstro disfarçado de galhos, pensou amedrontado.
- Não tenham medo pequenas criaturas, eu vivo aqui deitado sobre as águas desse rio desde muito jovem quando uma tempestade me curvou e nunca mais sair dessa posição. Vejo tantas coisas que não fazem ideia. Confidenciou os galhos.
- Então senhores galhos nos responda; Estou nesse barquinho desde que a tempestade chegou e o vento me separou dos meus irmãos. Diga-me, por favor, se este rio tem fim, ou vamos ser levados para o grande oceano. Perguntou o esquilo.
- Todo grande rio que corre termina  nos braços do mar, responderam os galhos.
O peixinho que a tudo ouvia calado, abriu a boca tremendo de medo de cair no mar e servir de lanche para os peixes grandes. - Diga! Diga!, O mar fica longe?
Os galhos ficaram em silêncio  por minutos até sentiu pena daqueles seres minúsculos.
- Sim pequeninos, o mar fica a umas boas descidas ladeira abaixo.
O vento soprou tão forte fazendo com que o barquinho se distanciasse dos galhos.
- Sempre o vento a interferir no meu destino, poderia ter sido salvo por aqueles galhos, no entanto  estou outra vez sendo conduzido como se eu fosse um escravo do senhor vento. Resmungou o esquilo.
Cardumes passavam apressados ou para a descida do rio ou por medo de serem tragados pelas ondas salgadas do grande mar. Pensava o esquilo tremendo de medo, enquanto num cantinho da poça d’água  o peixinho aguardava o pior.
De repente bem a frente troncos  caídos impedia a passagem do barquinho, ali o rio estava calmo e foi naquele momento que o esquilo respirou aliviado, exausto de tantas lutas contra a ousadia do vento que fazia as águas se agitarem não pensou duas vezes, agarrou-se aos troncos e num salto estava livre deixando o barquinho com o peixinho.
Olhou pela ultima vez para o pequeno barquinho e lá estava o peixinho com os olhinhos tristes como se implorasse para ser salvo.
O esquilo pensou, pensou e decidiu voltar e resgatar a criaturinha.
- Bom meu pequeno amiguinho lugar de peixe é nas águas não posso trazer você comigo ou morrerá em poucos minutos. Já sei vou procurar um local onde o rio esteja bem calminho e te coloco assim fica livre dos braços do grande mar.

Autoria- Irá Rodrigues

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