segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

ANINHA E O PASSARINHO AVENTUREIRO




A menina como não poderia ficar de fora pede ajuda a fada para fazer um encanto e que só o seu passarinho pudesse ver e falar com ela, mas ela poderia ver tudo que por ali acontecesse.
A fada com seus  poderes sobe no galho mais alto e começa a relatar:
Era uma vez lá em outra estória uma menina que se apaixona por um passarinho, ele era um passarinho diferente de todos os demais da região.
Era um passarinho de penas amarelas parecia um pedacinho do sol  de uma manhã radiosa, a fada queria realizar um desejo e nesse momento sua varinha se soltou indo em direção à menina e o passarinho que emocionados choravam.
O passarinho vira-se para a menina e diz roçando seu biquinho naquele rosto tão amado:
- Minha menina eu vivi dias nas montanhas frias  onde o sol  brilhava ao amanhecer as flores desabrocham formando tapetes coloridos, lá só se ouve o barulho da brisa que faz assanhar as penas dos passarinhos e balançar as folhas. Eu trouxe nas minhas penas o perfume das flores do campo só para você.
Enquanto todos se divertiam os dois se recolheram num canto, o passarinho começa a cantar a sua mais linda canção a que a menina havia se apaixonado.

A menina sentada no tronco da árvore adormece e começa a sonhar era real ela voava com asas de passarinho lado a lado do seu amigo.
E nos sonhos ela viajava e chegava até do outro lado das montanhas voaram, mas de duas horas, os dois chegaram à parte mais fechada da floresta e já podiam avistar as casinhas lá embaixo pareciam pontinhos brancos  enfileiradas no meio de um tapete verde.
A floresta foi ficando cada vez mais fechada  as árvores sacolejavam seus galhos soltando o cheiro de chocolate quando os dois passaram voando entre suas folhas no lugar das frutas pendiam enormes pirulitos e bombons o que Aninha estava adorando mas não era comida de passarinho. Pensou toda contente.
O sabor do vento fazia com que a menina flutuasse ao lado do passarinho de repente surge a sua frente uma enorme montanha com cara de bruxa tão feia com aqueles olhos fundos. O nariz comprido e o chapéu com a ponta tão alta que quase tocava as nuvens.
- Preciso descansar! Gritou Aninha e seu eco espalhou-se sonora e  fazendo com que a montanha acordasse mexendo-se impaciente.
O calor ficava cada vez mais forte os rugidos da montanha cara de bruxa soavam assustador, o vento ali nem aparecia com medo que a bruxa o congelasse.
- Vamos! Disse o passarinho ou vamos acabar prisioneiros dessa montanha esquisita.
Os dois deram a meia volta e fugiram para outra parte da floresta, logo encontraram o vento que trazendo a leveza fez com que a menina sentisse que tinha asas e voava de tão leve estava. Já seguros o vento deu um sopro mais forte fazendo com que os dois caíssem num gramado tão fofinho como se fosse de plumas. Ao tocar os pesinhos no solo Aninha ficou de pé sentindo  a brisa perfumada de canela assanhar seus cabelos, rindo ela virou-se para o passarinho mas ele sumiu em seu lugar um garoto, o mais lindo que ela já havia visto. Engraçado parecia que eram velhos conhecidos, não precisou de uma palavra se abraçaram e começaram a dançar como se a floresta entoasse a mais linda canção, seus corpos tinham a leveza como se estivessem a uns palmos acima do chão. Se  tudo isso é um sonho  não quero acordar. Pensou a menina antes de saírem de mãos dadas e seguirem uma trilha guiada pela brisa, quanto mais avançavam   ia ficando diferente ali tudo era azul, árvores, o solo as flores, até os passarinhos eram de um azul que mais pareciam pedacinhos do céu. Ao ver o espanto nos olhinhos da menina o garoto passarinho explicou:
- Aqui é a floresta azul, eu estou azul você também tudo que entra aqui fica com essa cor como se fosse iluminado. Nessa floresta não existe diferença entre o  céu e a terra, veja podemos correr, flutuar leves como uma pena de passarinho e até pegar carona nas asas da brisa que passa apressada e seguir até o final que é bem longe. Concluiu o garoto.
- Posso levar em minhas asas, mas terão que fechar os olhos e deixar que a magia o leve para o mundo da fantasia. Ordenou a brisa.
De olhos fechados de mãos dadas seguiram como se estivessem mesmo no reino encantado dos contos de fada, aquela cor turquesa trazia um brilho que impressionava a menina, era a mais sublime  sensação parecia que fazia parte daquele lugar encantado ela uma princesinha e o garoto passarinho o seu príncipe.
Aninha não se continha de tão encantada quando a sua frente passam homenzinhos com flechas tão apressados, mariposas circulando em volta das estrelas que de tão baixinhas poderia tocar com seus dedos.
A brisa parou os dois abriram os olhos. – Precisam voltar se atravessar aquela luz o encanto se acaba ele volta a ser pássaro e você não poderá mais flutuar, sussurrou a brisa ordenando que ficassem em silencio ou acordaria das vespas gigantes que com certeza os engoliriam de uma só vez.
Em silêncio o garoto passarinho segurava as mãos frias de Aninha que de repente sentiu muito frio se encolhendo.
A mãe ao lado da cama olhava o rostinho da filha com aquela expressão serena de uma princesinha.
Ao abrir os olhos olhou espantada de um lado a outro do quarto depois para a mãe que ria como se estranhasse o lugar e onde estava seu amigo passarinho?
- Já sei a mocinha estava viajando nos seus sonhos fantasiosos- disse a mãe.
- Eu estava num lugar lindo todo azul e meu amigo passarinho estava lá. Eu levitava tão alto parecia ter criado asas. Concluiu com ar sonhador. Evitou falar que ele se transformou em um garoto, melhor assim seria apenas seu esse segredo.
Tagarela ela continuava  relatando suas aventuras a mãe pacientemente ouvia abraçando-a como se incentivasse a continuar.
Hoje foi diferente agente voava no sabor da brisa e se ficasse cansada ela nos levava em sua garupa só que ai precisava ficar de olhos fechados e deixar que a magia nos guiasse. Dizia com olhar sonhador.
- A gente quem? Indagou a mãe- quem foi com você nessa aventura coitada da brisa não deve ter sido fácil levar seu Quinzinho com aquele peso todo. Disse a mãe rindo.
- Nada disso, dessa vez seu Quinzinho não foi eu fui com meu amigo passarinho aventureiro que ao chegar à floresta azul ele se transformou num garoto lindo do meu tamanho. A gente estava passeando quando senti muito frio e ele segurou minhas mãos. Ai você me despertou  e ele sumiu. Disse triste.
Bobinha o sonho vai continuar e você vai se reencontrar com seu amigo passarinho, ou quem sabe ele aparece por aqui. E onde essa menina sonhadora conheceu esse tal de passarinho aventureiro? Indagou a mãe.
- Aqui mesmo ele aparecia todo final de tarde para bicar as goiabas maduras, sumiu e dias depois retornou  pousava em minha janela todas as manhãs cantava para me acordar a gente conversava e quando você me chamava ele voava para retornar assim que o sol nascesse.
Bom  mocinha, sua fantasia com seu amigo passarinho é linda, agora volte a realidade hora de sair dessa cama logo seu Quinzinho chega, esqueceu que hoje é a festinha de aniversario Da dona Cotinha?
Bem que seu Quinzinho poderia se casar com a professora dona Cotinha, os dois vivem sozinhos, ela é bem rabugenta, mas também quando quer fica tão docinha. Disse Aninha rindo. A mãe apenas riu e juntas foram tomar café.
Quando chegaram à casa da professora já estavam todas as mães com as crianças que não paravam quietas, um dos garotos não dava sossego ao cachorro que rosnava de raiva irritando todos com seus latidos.
Zezinho era um garoto que morava na vila e andava criando estórias só estava ali  porque  sua mãe que costurava para dona Cotinha a obrigou a acompanhar pois sabia das travessuras do filho. Impaciente ele resolveu sair pela estradinha afora em direção à floresta que ficava atrás das casinhas e vai pela estradinha  afora, como pouco vinha naquela região pouco conhecia, ao ver o bosque do outro lado do rio  tão convidativo a curiosidade foi maior que o perigo e vai o menino pulando de pedra em pedra sem molhar os sapatos novos e se embrenhou no bosque fechado de árvores uma altas que quase alcançavam as nuvens, outras baixinhas que dava para se debruçar em suas copas.
Zezinho parecia ter entrado em um sonho de tão encantado estava que nem percebeu quando um passarinho cinzento saltou em sua frente abriu o bico e disse rouco:
- Onde o menino está pensando em ir? Aqui tem bichos de todo jeito de todos os tamanhos uns bonzinhos como nós passarinhos outros capazes de devorar um menino magrelo só de uma bocada.
- Ora!  Ora! Seu passarinho atrevido como ousa interromper o meu passeio? Disse o garoto pegando um graveto para atirar no pobre passarinho que só queria ajudar.
O menino nem teve tempo para continuar  uma nuvem escura de poeira se aproximava com tanta pressa que atropelava o que encontrava em sua frente. Paralisado com os olhos arregalados as pernas bambas olhou para o minúsculo passarinho como se pedisse ajuda.
- O passarinho rapidamente gritou suba nessa árvore coloque sebo nas canelas e corra,
Logo Zezinho estava no galho mais alto ofegante quase desmaiando sem folego com o passarinho gargalhando ao seu lado, como se dissesse eu avisei!
- Alguma vez já andou de balanço? Já voou tão alto que poderia tocar as nuvens? Se nunca fez é hora de provar e vamos lá você vai se sentir tão leve e será soprado pelo vento. Venha me siga gritou um macaquinho arteiro surgindo do meio das folhagens...
O passarinho ria ao ver a cara pálida do menino, mas quando Zezinho percebeu já voava de galho em galho tão alto que o gado o rio e as casas pareciam brinquedos lá embaixo no meio do campo verdejante.
Já escurecia quando finalmente o garoto retornou encontrando a mãe furiosa sem saber por onde andava seu filho, mas ao ver chegando aliviada pegou pela mão e seguiram viagem em direção à vila. Pelas suas travessuras o menino perdeu a festa o que foi até bom, pois as crianças da aldeia não gostavam do jeito daquele garoto.

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