Era uma vez...
Lá bem no meio do
sertão morava o menino Juca com sua família, cada um em sua casinha espalhada
naquela região que nunca chovia. Era tão seco que as árvores só viviam nuas sem
uma folhinha para fazer sombra, os passarinhos passavam por ali e fugiam
apressados em busca de um lugar onde pudessem viver.
Mas Juca era um
menino sonhador, nunca perdia as esperanças. Todas as noites, se deitava na
cama deixava a janelinha aberta e ficava horas falando com uma nuvem que
segundo ele, lhe ouvia e até sorria. A
nuvenzinha muito gulosa tomava muito suco, sorvete e bebia toda a água das
outras nuvenzinhas e assim ficava com a barriga tão cheia e fazia tanto xixi
que Juca ouvia Ploc, Ploc, Ploc a noite toda no telhado, pela manhã saltava da
cama e corria para ver o terreiro molhado, más ele continuava do mesmo jeito, a
terra seca sem um pinguinho de água.
Juca olhava a nuvem
e dizia:
-Deveria beber mais
água, tomar mais sorvete, muito suco e fazer xixi de verdade. Coloca seus
óculos e olha cá pra baixo, as plantas estão peladas, sem chuva elas não brotam,
os passarinhos fogem, sem galhos floridos não fazem seus ninhos.
Veja o riachinho,
se lamenta querendo a folia de ver água rolando e os peixinhos chegando
felizes.
E como vamos viver
se você não fizer xixi?
E assim, Juca vivia
na sua inocência de criança conversando com a nuvem.
Um certo dia,
cansado de ver tanta seca ele foi lá, bem lá no alto do morro. Assim pensava
ele que chegando mais perto a nuvem iria lhe ouvir.
-Sabe nuvenzinha,
amanhã é meu aniversário, imagine a felicidade se eu pudesse correr na chuva,
tomar banho no riacho e até fazer barquinho com folhas e ver descer na
correnteza.
E sem bater os
olhos das nuvens ele continua. Sabe, até sinto cheirinho de chuva e o Ploc,
Ploc quando dança no telhado.
E Juca dá um pulo
quando ouve uma voz dizendo:
- Melhor correr se
quiser ouvir o Ploc, Ploc no telhado, vamos fazer xixi e não vai ser pouco.
E quando Juca
arregalou os olhos, o céu escureceu, os trovões gritavam com tanta força que
fez com que Juca voasse nas suas canelas finas.
E logo caiu um
temporal que durou horas e horas. O dia emendou com a noite e quando o outro
dia amanheceu parecia um outro mundo. O riachinho roncava, os lagos perto da
casa pareciam espelhos transbordando de água. Até às árvores pareciam felizes.
Logo Juca ouvia canto de passarinho e a vida foi mudando e nunca mais, naquele
pedaço de mundo que sofria pela seca agora era o mais belo lugar para se viver
onde tudo que se plantava dava com fartura.
Juca cresceu
dizendo que nunca deve se perder a esperança e só precisa ter fé em Deus, ele
não abandona seus filhos.
Irá Rodrigues.
Santo Estevão - BA –
Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário