sexta-feira, 11 de julho de 2025

JUCA

 

 


 

Era uma vez...

Lá bem no meio do sertão morava o menino Juca com sua família, cada um em sua casinha espalhada naquela região que nunca chovia. Era tão seco que as árvores só viviam nuas sem uma folhinha para fazer sombra, os passarinhos passavam por ali e fugiam apressados em busca de um lugar onde pudessem viver.

Mas Juca era um menino sonhador, nunca perdia as esperanças. Todas as noites, se deitava na cama deixava a janelinha aberta e ficava horas falando com uma nuvem que segundo ele,  lhe ouvia e até sorria. A nuvenzinha muito gulosa tomava muito suco, sorvete e bebia toda a água das outras nuvenzinhas e assim ficava com a barriga tão cheia e fazia tanto xixi que Juca ouvia Ploc, Ploc, Ploc a noite toda no telhado, pela manhã saltava da cama e corria para ver o terreiro molhado, más ele continuava do mesmo jeito, a terra seca sem um pinguinho de água.

Juca olhava a nuvem e dizia:

-Deveria beber mais água, tomar mais sorvete, muito suco e fazer xixi de verdade. Coloca seus óculos e olha cá pra baixo, as plantas estão peladas, sem chuva elas não brotam, os passarinhos fogem, sem galhos floridos não fazem seus ninhos.

Veja o riachinho, se lamenta querendo a folia de ver água rolando e os peixinhos chegando felizes.

E como vamos viver se você não fizer xixi?

E assim, Juca vivia na sua inocência de criança conversando com a nuvem.

Um certo dia, cansado de ver tanta seca ele foi lá, bem lá no alto do morro. Assim pensava ele que chegando mais perto a nuvem iria lhe ouvir.

-Sabe nuvenzinha, amanhã é meu aniversário, imagine a felicidade se eu pudesse correr na chuva, tomar banho no riacho e até fazer barquinho com folhas e ver descer na correnteza.

E sem bater os olhos das nuvens ele continua. Sabe, até sinto cheirinho de chuva e o Ploc, Ploc quando dança no telhado.

E Juca dá um pulo quando ouve uma voz dizendo:

- Melhor correr se quiser ouvir o Ploc, Ploc no telhado, vamos fazer xixi e não vai ser pouco.

E quando Juca arregalou os olhos, o céu escureceu, os trovões gritavam com tanta força que fez com que Juca voasse nas suas canelas finas.

E logo caiu um temporal que durou horas e horas. O dia emendou com a noite e quando o outro dia amanheceu parecia um outro mundo. O riachinho roncava, os lagos perto da casa pareciam espelhos transbordando de água. Até às árvores pareciam felizes. Logo Juca ouvia canto de passarinho e a vida foi mudando e nunca mais, naquele pedaço de mundo que sofria pela seca agora era o mais belo lugar para se viver onde tudo que se plantava dava com fartura.

Juca cresceu dizendo que nunca deve se perder a esperança e só precisa ter fé em Deus, ele não abandona seus filhos.

 

Irá Rodrigues.

 

Santo Estevão - BA – Brasil

http://iraazevedo.blogspot.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A TOCA DA RAPOSA

      Dona raposa passeava tranquila, aproveitava o sol da manhã para recuperar os dias que estivera adoentada com uma forte gripe. An...