Quando o sol enfraquecia a sombra caia cobrindo a
floresta, o passarinho solitário chegava para repousar nos galhos do majestoso
carvalho ali ele sabia que teria proteção. O carvalho por sua vez ficava feliz
mesmo não demonstrando com sua cara carrancuda, mas gostava de ter ali todas as
noites o canto solitário daquele pobre passarinho.
Os dois já eram amigos, o carvalho adorava
saber como era o mundo além dos limites
da sua visão que ali enraizada não poderia sair.
E o passarinho
começava a relatar as suas andanças daquele dia enquanto o carvalho
cochilava encantado.
- Ah, meu bondoso carvalho, hoje bati minhas
asinhas e fui bem longe, passei em lugares com tapetes de flores pelo chão
e rios correndo com tanta fúria que
fazia medo. Passei por moleques com gaiolas prontos para aprisionar os
indefesos passarinhos assim como eu, mas agora preciso dormir meus olhinhos já
estão se fechando. Bocejou e caiu no sono abraçado pelas folhas do carvalho.
Quando o sol já ia
nascendo o passarinho cantou a sua melodia solitária que enchia de encanto o coração do carvalho e
lá se foi ele para o seu dia a dia, batendo as asas coloridas e brincando com
as borboletas que por ali esvoaçavam.
Passaram dias e o passarinho
não aparecia o carvalho implorava para que todos se movimentassem e
encontrassem o seu amiguinho solitário, mas ninguém o conhecia e nem sabia por
onde procurar.
Passado luas e luas
ele voltou muito tristinho e assustado, o carvalho aflito queria saber de tudo
e por onde andastes esse tempo todo, mas o pobrezinho só fazia tremer.
- Amigo passarinho,
que foi que te aconteceu? Por que estás assim assustado e triste? Assim fico
triste também e senti muito a sua falta.
Depois de muito
esperar o passarinho começou a falar:
- Eu vi passarinhos
presos em gaiolas, sem poder sair de lá... Sem poderem ver a beleza do mundo,
sem poderem voar alegremente como eu... Ai meu amigo fiquei apavorado e queria
ajudar a livrar todos daquela prisão. Fiquei com tanto medo que voei para bem
longe, não tive coragem de me aproximar... Ai! Que tristeza... Quanta maldade
mora no coração do homem.
A noite passou rapidinho e logo o dia raiou o sol
parecia dizer que corresse e fosse salvar seus amigos e nem bem o carvalho acordou
lá se foi ele bater asas em direção às
gaiolas que havia visto no dia anterior.
Na floresta quando o sol enfraquecia a sombra cobria com
o manto negro da noite, os vaga-lumes em bando vestindo seus trajes luminosos e
lanterninhas acesas faziam a festa tudo se tornava encantado.
Ali tudo era
diferente o céu ficava apagado diante de tantas luzes acesas nos postes melhor procurar agasalho e esperar outra vez
o sol chegar assim poderia encontrar seus amigos e foi dormir numa árvore na beira de um riacho
onde sapos coaxavam rãs se agasalhavam em troncos caídos , cobras e lagartos se
recolhiam assim poderia dormir sem medo de ser devorado por uma esfomeada.
O medo começava a
tomar conta quando corujas, morcegos e outros predadores apareciam em busca de
presa fácil para se alimentarem. Mas a noite passou apressada e logo o sol
acordou, o passarinho se sacudiu e partiu,
de longe avistou que colocavam as gaiolas do lado de fora. Ficou a
espreita a fome fazia barulho em seu papo, mas não sairia dali ate que salvasse
seus amigos.
Ao ver a presença
do pobre passarinho solitário todos os que se encontravam presos começaram a
falar:
- De onde surgiu
esse infeliz tão feio assim, saia daqui ou chamaremos o gato para te devorar.
- Calma meus amigos
eu vim de longe para salvar vou abri as portinhas e podem voar para a floresta
comigo onde possam viver livres e felizes- disse o passarinho todo contente.
- Sai logo daqui
não queremos a sua liberdade, desapareça.
O passarinho decepcionado voou para longe, a noite foi repousar
no galho do amigo carvalho e lhe contou da conversa que tivera com os ingratos
passarinhos prisioneiros e o quanto estava triste com o que ouviu do bico de
cada um.
O carvalho, do alto de sua sabedoria de centenas de anos a olhar e cuidar de todos ali da
floresta disse:
- Amigo passarinho
solitário não fique assim entristecido, há os que gostam da liberdade, de fazer
e dizer o que pensam, e há os que preferem ficar presos por preguiça e
comodismo. Deus fez os passarinhos livres para viverem e voar até onde suas
asas alcançarem, mas os homens que aprisionam os animais são eles mesmos
prisioneiros da felicidade, da paz e da
liberdade.
Autoria- Irá
Rodrigues
https://iraazevedo.blogspot.com/
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