Depois das chuvas de
verão, o rio corria sem pressa era como se não desejasse chegar a lugar algum.
As águas seguiam margeando os barrancos e as encostas trazendo gravetos e
folhas secas. O barquinho seguia como o balanço de uma rede, sendo levado pra
lá e pra cá, tornando a viagem calma, dentro dele o esquilo tranquilamente
adormecido e nem percebia que ao seu lado um peixinho miúdo de barbatanas
amareladas nadava numa poça de água no casco do barquinho.
Por certo chegou com os
esguichos da água quando uma correnteza passou sem avisar. - Pensou o esquilo
ao abrir os olhos e deparar com aquela criaturinha.
- Um monstro! Gritou o
peixinho muito afobado como se temesse ser engolido.
Naquele momento uma
sombra encobriu o barquinho, foi então que o esquilo se deu conta do que estava acontecendo. Um peixinho tão
miudinho e falante.
-Não é nenhum monstro
seu peixinho minúsculo que de tão pequeno nem serve para matar a minha fome-
disse o esquilo.
O peixinho abriu a
boca, arregalou os olhinhos. - Você teria coragem de fazer mal a uma
criaturinha tão linda assim? – Indagou o peixinho.
- Mas se não é monstro.
O que é então? Perguntou em tom de segredo.
- Apenas galhos enormes
pendidos no meio do rio. Agora fique
quietinho. Falou o esquilo.
-Mas parece um monstro
com braços e mãos balançando como se
quisesse nos alcançar. Cheguei até a pensar que vi dois enormes olhos vermelhos
usando óculos e uma boca esfomeada prontinha para nos devorar. Concluiu o
peixinho.
Os galhos se balançaram
e disseram:
- Os peixes falam,
falam, mas nunca param para nos ouvir, queixaram-se os galhos.
O tremor foi tanto que
o esquilo se encolheu temendo o pior, seria mesmo um monstro disfarçado de
galhos, pensou amedrontado.
- Não tenham medo
pequenas criaturas, eu vivo aqui deitado sobre as águas desse rio desde muito
jovem quando uma tempestade me curvou e nunca mais sair dessa posição. Vejo
tantas coisas que não fazem ideia. Confidenciou os galhos.
- Então senhores galhos
nos responda; Estou nesse barquinho desde que a tempestade chegou e o vento me
separou dos meus irmãos. Diga-me, por favor, se este rio tem fim, ou vamos ser
levados para o grande oceano. Perguntou o esquilo.
- Todo grande rio que
corre termina nos braços do mar,
responderam os galhos.
O peixinho que a tudo
ouvia calado, abriu a boca tremendo de medo de cair no mar e servir de lanche
para os peixes grandes. - Diga! Diga!, O mar fica longe?
Os galhos ficaram em
silêncio por minutos até sentiu pena
daqueles seres minúsculos.
- Sim pequeninos, o mar
fica a umas boas descidas ladeira abaixo.
O vento soprou tão
forte fazendo com que o barquinho se distanciasse dos galhos.
- Sempre o vento a
interferir no meu destino, poderia ter sido salvo por aqueles galhos, no
entanto estou outra vez sendo conduzido
como se eu fosse um escravo do senhor vento. Resmungou o esquilo.
Cardumes passavam
apressados ou para a descida do rio ou por medo de serem tragados pelas ondas
salgadas do grande mar. Pensava o esquilo tremendo de medo, enquanto num
cantinho da poça d’água o peixinho
aguardava o pior.
De repente bem a frente
troncos caídos impedia a passagem do
barquinho, ali o rio estava calmo e foi naquele momento que o esquilo respirou
aliviado, exausto de tantas lutas contra a ousadia do vento que fazia as águas
se agitarem não pensou duas vezes, agarrou-se aos troncos e num salto estava
livre deixando o barquinho com o peixinho.
Olhou pela ultima vez
para o pequeno barquinho e lá estava o peixinho com os olhinhos tristes como se
implorasse para ser salvo.
O esquilo pensou,
pensou e decidiu voltar e resgatar a criaturinha.
- Bom meu pequeno
amiguinho lugar de peixe é nas águas não posso trazer você comigo ou morrerá em
poucos minutos. Já sei vou procurar um local onde o rio esteja bem calminho e
te coloco assim fica livre dos braços do grande mar.
Autoria- Irá Rodrigues
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