quarta-feira, 19 de junho de 2019

O COELHO ZELITO



O coelho inconformado por ser tão pequeno e invejoso como era vivia sonhando que um dia acordaria tão grande quanto um a tempestade  e tão veloz  quanto um  raio assim poderia  ser respeitado por todos os outros animais da floresta encantada.
Certa manhã enquanto andava vagando a procura de inspiração para criar  uma formula  onde quem tomasse  ficaria  do tamanho que desejasse, mas para isso precisava encontrar quem pudesse ajudar a descobrir a árvore onde pudesse extrair a substancia existente em suas folhas. E como o coelho era egoísta e inconformado com o seu tamanho com certeza não descansava até encontrar.  Depois de caminhar por vários palmos de léguas saiu da porta da floresta encantada e já podia avistar o bosque, não tinha como errar era  descer a montanha e seguir o caminho em ziguezague , no fim da descida avistou o lago e correndo bebeu tanta água que caiu de lado com a barriga estufada, cansado ali mesmo deitou, precisa recuperar o folego para continuar a sua caminhada.
O sapo Lelé que a tudo observava olhou meio  desconfiado, - O que será que aquele coelho fazia por ali pelo que sabia coelhos  não circulavam por ali. – pensou o sapo e ficou a espreita assim o coelho acordava e ele ficava sabendo a verdade.
Com as energias repostas o coelho se espreguiçou achando que estava sozinho soltou um pum e suspirou aliviado.
- Vixe!-  Preciso correr, estou atrasado para encontrar a minha árvore de folhas mágicas.- Pensou o coelho. Mas ao ver a grama verdinha que lambia as águas do lago passou a mão na barriga- Oba! Vou-me refastelar e depois sigo viagem bem mais forte.
Quando já abocanhava o primeiro tufo de grama o sapo pulou na sua frente, - Não coma ou dormirá por muitos e muitos dias e talvez nem acorde e seja  devorado por um urubu.
Ora! Como se atreve seu feioso de olhos esbugalhado e pele enrugada deixe-me estou faminto só diz isso para que eu não devore essa suculenta grama.
- Não amigo falo a verdade essa grama é um tipo de veneno, disse o sapo, mas se quer dormir ou morrer fique a vontade e pulou para longe.
O coelho agradeceu e seguiu viagem, o sapo o  seguiu pelo caminho foram conversando como bons e velhos amigos, o coelho só falava dos seus sonhos o sapo dava boas gargalhadas deixando o coelho irritado.
Em determinado lugar no meio de uma curva da estradinha que mal dava para passar os dois um velho sentado tranquilamente  cochilava, com certeza tirando a sua soneca da tarde.
O sapo foi logo dizendo que se tratava de um mágico e que realizava sonhos, fazia aparecer e desaparecer coisas e animais bem poderia realizar os sonhos do coelho em encontrar a tão procurada árvore - incentivava o sapo querendo dar uma lição no coelho.
O coelho esbugalhou os olhinhos avermelhados adiantou-se até o velho e foi logo dizendo: - Pago o que o senhor quiser trabalho sem pagamento por uns dias, mas tem que  me ajudar sei que vive nessa região e conhece cada palmo de chão, quero encontrar uma árvore milagrosa tão grande que pode ser avistada de léguas de distancia mas não sei qual é a certa e não posso errar. Vamos faça, faça e fechando os olhos ficou o coelho a esperar pelo milagre. O sapo se contorcia de gargalhar diante da burrice do coelho que se dizia tão esperto.
Ao ficar sabendo do por que o coelho procurava a tão falada árvore o velho indignado com tamanha falta de dignidade daria uma lição naquele orelhudo metido, pegou alguns gravetos começou a quebrar como se torcesse o pescoço do coelho e disse: Deus nos dá o  que   merecemos , você é baixinho e orelhudo mas tem o poder de fazer e distribuir ovos de chocolates para as crianças levando a alegria por todas as regiões agora se não está satisfeito olhe bem para o sapo com essa aparência só serve para pegar mosquitos e nem por isso vive insatisfeito, cada um é feliz com o que tem. Agora desapareça daqui seu egoísta antes que eu resolva fazer uma sopa de coelho para servir no jantar. Esbravejou o velho rindo da cara de terror que o coelho fez.
O coelho de tão amedrontado jurou ser o mais fiel de todos e aceitar o seu tamanho como Deus assim decidiu e olha que estava dando certo.
Mas quem disse que o coelho iria se conformar enganou-se passaram alguns dias e numa  certa manhã tranquila daquelas em que a floresta cochilava sem pressa de acordar  o vento sem nenhuma atividade aproveitava para se refrescar encrespando as franjas do riacho, quando sai o coelho  Zelito dizendo a todos que era o mais veloz e desafiava qualquer um que desejasse com ele  competir numa corrida. Ninguém acreditava e ele todo garboso estufava o peito empinava as orelhas abanava o rabinho.
- Estou inconformado não encontrei por toda a floresta ninguém capaz de enfrentar esse amigo. Falava ele ao camaleão que balançava a cabeça diante da ousadia daquele coelho metido.
E por se achar tão esperto e convencido saia importunando todos os outros animais que encontrava sua arrogância não tinha limites dizia seus amigos.
Furioso o macaco sabendo do ocorrido resolveu esperar o coelho e dar-lhe uns bons conselhos. E olha que o orelhudo se mete a besta e até desafia o macaco.
- Vamos lá amigo que tal uma corrida até a beira do rio? Até deixo que saia na frente alguns palmos, mas sem usar seu truque de subir em árvores e pular de galho em galho ai seria covardia. – Tem que ser por terra e com plateia para aplaudir a minha vitória. Disse o coelho.
- Oras! Porque não vai aborrecer outro do seu tamanho me deixe em paz, disse o macaco e completando falou, estava até querendo ir a sua procura e dar-lhe uns bons conselhos antes que o pobre amigo seja esmagado, sua arrogância já perdeu a graça. Agora suma daqui. Concluiu o macaco na dele deitado espalitando os dentes depois de ter devorado um cacho de bananas.
- Tá com medo! Tá com medo! O macaco não tem coragem. - gargalhava o coelho dando cambalhotas. O que irritava cada vez mais  o macaco.
Com um passar de braço o macaco pegou o coelho pendurou pelas orelhas enquanto o pobre se debatia implorando se urinava todinho.
-Solte-me!  Por favor, mestre macaco deixe esse pobre e indefeso coelhinho ir embora, chorava o coelho apavorado.
O macaco nada disse do alto soltou o coelho que caiu esparramado no chão enchendo o focinho de gramas secas, cambaleou levantou e saiu em disparada como se tivesse sido soprado pelo vento desaparecendo nas campinas.  Fazia dias que nem noticias daquele metido que com certeza havia aprendido a lição.
Engana-se quem pensou que o coelho iria se conformar como os avisos do macaco, logo que se recompôs saiu ele outra vez desafiando quem fosse encontrando pelo caminho, alguns bobos até apostavam uma corrida, mas perdia feio além de perderem uma bela quantia arrancada pelo espertinho do coelho Zelito, até outros da sua espécie ele se atrevia a desafiar e como ganhava todas as corridas espalhavam-se  a fama de que ele era mesmo o mais esperto e veloz daquela floresta.
O coelho se sentindo o melhor ansiava dominar toda aquela região com a sua esperteza e assim sai em direção à outra parte da floresta quando encontra um bosque daqueles que dava gosto morar anda de um lado do outro e encontra um grupinho o jabuti o camaleão o guaxinim e a coruja jogando cartas. Só que ali também vivia o  leão considerado o rei daquela parte da floresta temido e respeitado por todos, pois ou o obedecia ou virava banquete para seu jantar de paladar aguçado.
O coelho  mexeu o nariz sacudiu o rabinho abanou as orelhas antes de dizer:- Lá de onde eu venho sou temido por todos pela minha esperteza e velocidade, desafio um ou todos vocês para uma justa corrida até esse tal de rei que tanto falam com admiração.
Não tiveram tempo de responder na porta de uma das casas com cara de assombrada surge o leão que acabava de acordar faminto e dando um urro todos correram para levar o seu farto banquete.
O bobo do coelho querendo parecer simpático foi até ele dizendo: - Olá senhor majestoso rei disse esticando a cabeça para ver lá dentro da casa como se quisesse ser convidado para se banquetear.
O leão nada respondia, pois não tinha tempo a perder com uma coisinha insignificante, mas ao olhar melhor lambeu a língua ali estaria o seu jantar.
Todos olharam espantados e com pena do bichinho peludo- Coitado foi cair nas garras do chefe logo estará numa panela coberto de legumes- do jeito que o leão adora carne de coelhos esse nem deu trabalho para o cachorro ir caçar veio ele mesmo se oferecer. Completou os animais.
O coelho ouvindo aquilo saiu correndo  para o bosque o cachorro do mato em seu encalço,  , correu, correu e quanto mais corria sentia os passos e os latidos do cachorro. Mas pela sua astucia ele conseguiu se salvar e conseguiu entrar na floresta encantada ali ele não entraria ou seria preso ou morto e foi com alivio que encontrou a caverna do senhor raposão  e caiu desfalecido sem folego. Naquele momento o coelho decidiu que jamais iria menosprezar a qualidade dos outros e jamais confiaria em animais de outras florestas nem sairia mais por ai se vangloriando da sua esperteza ou seria expulso pelo poderoso carvalho que ordenaria o vento para que o soprasse para bem longe de onde ele jamais acertaria o caminho de volta.


Autoria- Irá Rodrigues
https://iraazevedo.blogspot.com/

Nenhum comentário:

Postar um comentário

AS PIPAS