segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

MINICONTOS VI

 

 

O GALO EXIBIDO

 

O pavão e o peru se davam bem eram amigos no terreiro da fazenda onde nasceram.

O galo por ser o relógio despertador do dia era admirado pela maioria dos bichos e até dos humanos, considerado inteligente menos pelo peru e o pavão.

Naquela fazenda além de animais de pena vivia porcos, gatos, ovelhas e a cadelinha Gigi admirada e cortejada pelos donos e até por outros animais.

O galo muito envaidecido e metido a garboso morria de ciúmes, pois queria ser sempre o senhor dos encantos de todos. Um dia chateado com tanta arrogância o pavão e o peru combinaram que iriam dar uma lição naquele galo exibido.

Planejava arrancar as penas do rabo, assim ele ficaria tão feio que de vergonha não sairia mais do galinheiro.

O galo muito esperto e desconfiado de que alguma coisa estava sendo planejado contra ele chamou o rato que era seu amigo e pediu que ficasse por perto, assim ouviria tudo e correria para lhe contar.

À noitinha o plano foi arquitetado, assim que todos dormissem pegariam o galo desprevenido. O rato muito esperto relatou todo o plano, o galo mais que depressa trocou de lugar com o temido galo de briga o qual nem ele se atrevia a enfrentar.

O pavão e o peru satisfeitos e felizes avançaram sobre o galo achando ser o chefe do terreiro. Enganaram-se, enquanto os dois saiam do galinheiro com bicadas e esporadas, o galo gargalhava do outro lado.

Na manhã seguinte estavam os dois com a cabeça inchada de tantas esporadas que receberam além de várias penas arrancadas.

Moral da história, não planeje a maldade ela poderá voltar contra você....

Autoria- Irá Rodrigues

 

 

 

 

 

 

O MEDO DO ESTILINGUE

 

Certo dia o sabiá Lily resolveu mandar o filhote para a floresta colher sementes, uma vez que o pai estava com a asa ferida e não poderia voar.

-Mamãe eu tenho medo, nem sei voar direito, como vou andar sozinho pela floresta tão grande? – Eu posso me perder. Disse o

Gigi.

- Sinto muito meu filhote, mas você já é adulto e tem que ajudar no lugar do seu pai, ou, morreremos de fome. Eu estou chocando meus ovinhos e não posso abandonar. Disse a mamãe, decidida a fazer com que o filho deixasse de ser criança.

Gigi ainda tentou encontrar uma outra desculpa, mas a mãe estava decidida e o filho teria que obedecer ou nunca seria independente para criar a sua própria família.

- Eu tenho medo dos moleques com seus estilingues foi um deles que feriu a asa do meu pai, e se um me acertar lá mesmo eu fico e nunca mais vou ver vocês. Ou ele me levam ou serei devorado pelas formigas. – Lamentou o filhote tremendo de medo.

- Não seja infantil, você já é um adulto e precisa se libertar da nossa proteção. Gritou a mamãe.

O filhote começou a tremer- eu tenho medo, vamos esperar o papai melhorar e eu vou com ele buscar sementes.

A mamãe decidida ordenou que o filho parasse de covardia e voasse em busca de alimento. Ela só não sabia o tamanho da maldade dos humanos.

O filho mesmo assim pegou a sacola colocou nas costas e partiu. Passaram-se muito tempo e Gigy não retornava.

Os ovinhos chocaram, nasceram dois lindos filhotes, mas a alegria não estava completa a mãe se culpava por ter sido responsável pela perda do filho, ele estava certo não era o momento e sem nenhuma experiência com certeza estava perdido ou morto pelo estilingue de algum desumano.

Muito tempo depois o papai foi dar um passeio na floresta a mamãe Lily e os dois filhotes que já voavam sozinhos pela redondeza.

Ao adentrarem a floresta fechada viram um pomar e onde tem frutas tem passarinhos e voaram naquela direção, quando ao passarem perto de um curral ouviram o canto triste de um sabiá, o papai não teve dúvidas, era o seu filho Gigi, e lá estava preso numa gaiola na cerca.

Não foi difícil os quatro com bicos e pés abriram a portinhola e logo voaram felizes para a liberdade.

 

Autoria- Irá Rodrigues

 

 

 

A MENINA QUE PLANTAVA SONHOS

 

Manu não tinha tudo o que as crianças poderiam ter, mas tinha o amor que reinava naquela família, cresceu numa casinha simples no meio da vegetação rodeada pelos pais, avós e irmãos. Ela era a mais velha de seis irmãos, e talvez por isso vivia inventando algo para entreter os irmãozinhos mais novos. Durante o dia ela corria pelos campos falando com os animais, pois é na imaginação de Manu todos os bichinhos entendia o que ela falava e sempre respondiam. Mas o que ela mais gostava era chegar à noite e no seu quartinho ficava olhando a Lua pelas frestas da janela e contava historinhas inventadas para que os irmãos dormissem.

Enquanto os pais e os avós saiam para fazerem as suas tarefas que era cuidar dos bichos e da roça de mandioca, feijão e milho, ela aproveitava para criar os seus sonhos, sua imaginação viajava em busca de algo que realmente ela pudesse fazer e logo corria para o curral onde fingia estar num belo teatro e ali poderia dramatizar as suas invenções, os irmãozinhos ficavam encantados com a irmã e se divertiam até esquecendo a hora de voltarem para casa.

As tarde a mãe não saia e Manu aproveitava para ficar sozinha no lugar que mais gostava, embaixo de uma amendoeira gigante onde os galhos pendiam formando um belo abrigo. Ali a menina fechava os olhos e imaginava que estava num castelo encantado, com fadas e todos os bichinhos fazendo uma grande festa. Muito curiosa e inteligente nunca parava de inventar coisas, na escola da vila onde estudava a professora ficava admirada com a menina que mesmo com os pais sem cultura ela era muito dedicada e lia tudo que encontrava.

A noite com a luz de um fifó ela devorava os livrinhos que a professora emprestava e assim ela enchia o caderninho de historinhas que imaginava viver.

Mas os sonhos da menina Manu não paravam por ai, falando com os passarinhos que apareciam no pequeno jardim de margaridas o qual ela cuidava com todo carinho ela sorriu pois disse que teve a melhor resposta para os seus sonhos.

- Se você nunca planta eles nunca brotam! Assim disse ela foi a resposta de um passarinho.

E assim começou a escolher um cantinho para construir o seu jardim e ali iria plantar seus sonhos como bem disse o passarinho.

E de manhãzinha ela acordou toda eufórica correu pegou uma enxadinha e começou a cavar o solo, em cada buraco colocava um pedacinho de papel onde trazia escrito o seu sonho.

Os dias se passavam e a menina ficava desanimada, o passarinho não falou a verdade, como plantar sonhos poderiam brotar – Pensava triste.

E assim passavam os dias com o Sol ardente, as noites a chuva caia, e com certeza as sementinhas dos sonos de Manu foram regadas e brotaram, nasciam versos pendurados em galhos, escritos nas asas das borboletas, as flores confabulavam aquele lindo mistério, os passarinhos em coro declamavam os versos perfumados. E assim, Manu batizou aquele lugar como “O Jardim que brotavam Versos.”

A menina não parou mais, queria escrever poesia para cada bichinho que vivia ali, para cada flor que brotava na maior folia. Até um jardineiro ela teve que contratar ou não daria conta de todas as tarefas.

E assim a menina da imaginação tão fértil quanto os sonhos, contava histórias para os irmãos, na escola para os colegas e até começou a participar de um concursos que os professores organizaram para incentivar a leitura. Manu trazia sempre a história da menina que plantou sonhos e colheu versos.

Dias depois o resultado saiu e Manu foi a vencedora, nessa noite ela não mais precisou plantar sonhos, agora vivia a realidade.

Autora- Irá Rodrigues

 

 

 

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