Folia da bicharada
Era uma vez uma confusão numa
floresta mais ou menos encantada, árvores que dormiam numa preguiça infinita
que nem uma folha se balançava.
Nesses dias em que se inicia o inverno era tanto silêncio que nem se
ouvia o canto de um atrevido passarinho, nem o voar de um inseto, de tão frio o
dia acordava e todos os moradores só sabiam implorar ao sol para aparecer pelo
menos um fiozinho de nada. E quando um rastinho iluminado penetrava as
folhagens pendidas pelas gotas serenadas que caíra durante a noite, lá estavam
todos se refastelando das horinhas quentes uns se espichando ao solo, outros de
asas abertas se empoleiravam nas cerquinhas, até os macaquinhos se enfileiravam
para se aquecerem do frio. As borboletas se achando o encanto da natureza
ficavam esvoaçando bicando o sereno das flores. Mas logo escurecia a chuva
miudinha caía, todos os bichos sumiam
escondidos em suas casinhas quentes e assim o dia se arrastava preguiçoso.
Num desses dias em que o sol não deu as caras o majestoso carvalho
árvore poderosa e respeitada de toda a floresta
resolveu escrever cartinhas e foi rabiscando de tudo que ia lembrando,
eram tantas as lembranças de tarefas a serem distribuídas que a carta ficou
comprida quase nem tinha lugar para guardar e pediu que os passarinhos
cuidassem de enrolar.
Devido ao frio a agência estava fechada e logo que o tempo melhorou, a
chuva se recolheu o sol se fez presente e o Carvalho cuidou logo de contratar o vento para que espalhasse por
toda a floresta em todos os ninhos em todas as tocas em todas as casinhas e
assim nenhum morador ficaria sem receber tal comunicado.
E logo saiu o vento sacolejando pela floresta já sendo iluminada pelo
sol, encontrava alguns bichos sonolentos jogava a cartinha e seguia viagem, de
entrega a entrega foi cruzando as estradas, vilarejos, rios, riachos,
cachoeiras, até que todas as cartinhas foram entregues a seus destinatários
ficando o vento cansado de soprar resolveu tirar uma soneca na beira do mar,
mas logo despertava e continuava a imaginar o que estaria escrito naquelas
cartas para serem entregues com tanta urgência que nem tempo teve de chamar a
brisa com toda a sua calmaria para ler e poder lhe relatar o segredo do
majestoso carvalho.
Do outro lado, a árvore gigante e imponente esperava a resposta de
todos. Não deu cinco dias e lá surgia em meio ao nevoeiro de fim de invernada
uma jangadinha descendo rio abaixo. Eram seres pequeninos que se mexiam de um lado a outro que mais
pareciam pontinhos florescentes se balançando numa rede.
Lá pelas tantas um se desequilibrou e bum! Caiu na água e
nessa confusão toda a jangadinha
desapareceu no meio do nevoeiro.
O carvalho estava começando a se cansar. Onde foram todos os bichos
daquela floresta? A coisa estava ficando complicada e se não aparecessem logo
iria fazer greve e não ofereceria mais sombra para que
eles se deitassem as tardes enquanto o sol resolvia deixar a floresta
iluminada.
Um pouco desanimado estica seus galhos para atender ao telefone,
resmungando foi logo gritando sem mesmo ouvir quem estava do outro lado da
linha. E sem entender o que falavam desligou e foi falar com o restante da
floresta, com o rio que corria se alargando, com a montanha que dormia
tranquilamente e as árvores que se espichavam para receber a luz do sol...
Naquela noite ele ficou balançando seus belos galhos, suas folhas
exuberantes e desandou a matutar pensativo sobre tudo que estava fazendo.
- Se a chuva não para, os riachos enchem o frio congela, como posso
esperar que todos os bichos Viessem sair
das suas casas, das suas tocas, dos seus
ninhos, dos seus quentinhos agasalhos só porque um velho e soberbo carvalho
fica aqui impaciente sentindo falta da movimentação dos passarinhos saltitando
em meus galhos, das lebres correndo sobre o tapete das minhas folhas caídas,
das abelhas que ficam fazendo zum...zum
despertando-me do meu sono relaxante e até das lagartas quando resolvem
subir em meu tronco e picotar minhas belas folhas.
Quando o novo dia acordou, o inverno já estava fraquinho e o sol
aparecia saudando a todos e avisando que logo estaria de volta.
Ali havia todos os encantos e fantasias, os passarinhos se falavam, as
nuvens dançavam as árvores com suas aventuras entoavam lindas canções embaladas
pelo vento.
O sabiá considerado o mestre da
criatividade era o conselheiro de
todos e com seu canto magistral dava
aula a todos os passarinhos, era muita diversão tinha aula animada, tinha
lanchinhos apetitosos, preparados pelas andorinhas.
Tinha orquestra bem equipada, o pardal tocava flauta, o rouxinol era
violinista, o bem-te-vi tocava tambor e as cigarras faziam o coro...
A noitinha era aquele alvoroço os pais chegavam para pegarem seus
filhotes e levarem para casa, precisavam
ter cuidado para não serem atacados pela bruxa malvada da noite, uma
coruja velha que vivia atacando filhotinhos indefesos.
E os passarinhos voam daqui, pulam dali e de repente... Zap .... Um voo rasante passa pertinho deles e foi
aquele terror a coruja resolveu atacar, mas a infeliz esbarrou no temido macaco
que cuidou de atirar a malvada a milhares de árvores de distância.
A floresta precisava voltar a se movimentar lembrou o velho carvalho
relatando a mensagem da sua carta comprida. E
assim todos os moradores se reuniram alguns em seus galhos outros em seu
troncos, nas suas raízes e no solo sombreado pelas suas folhas, e todos retornam
para suas casas prontos para cumprirem
as ordens do velho e soberano carvalho. E continuarem com suas tarefas que
pararam devido ao rigoroso inverno.
E assim, a natureza volta a ser do jeitinho que
o carvalho gosta e que, com certeza, a bicharada se encanta ao saber que em
algum lugar tem uma criança lendo e rindo das suas aventuras.
INÍCIO DAS AULAS.
A raposa como professora da floresta, foi logo avisar que as
aulas iriam começar, pois o inverno havia passado, o sol estava de volta e os
dias com tanta luz esperava muita folia...
Assim, no dia seguinte antes que o sol surgisse, lá estava
ela com seu vestido xadrez, sapato de salto alto uma bolsa cheia de livros e no
nariz seu óculo colorido. Em sua companhia estava o gambá que deveria seguir
logo para preparar uma apetitosa refeição.
Papai raposão que era
muito severo, antes de sair para o trabalho avisou que levassem seus filhos com
segurança, pois andava pela redondeza boatos de que um leão faminto rondava a
floresta.
Chegava a hora de ir á escola e lá se foram todos caminhando através de campos verdes e flores que sorriam
com a chegada da primavera. Os passarinhos levavam em suas asas seus livros
novos, a pata acompanhada dos seus filhotes segurava um cestinho cheio dos mais
saborosos petiscos para o lanche.
E seguia a turma toda animada, porém na escola só chegaram à
raposa, o gambá e a pata. Os passarinhos aventureiros avistaram um belo pomar
as frutas pareciam convidá-los e por ali ficaram. A brisa resolveu ir caçar
borboletas, a cigarra dizendo-se cantora
ficou na árvore á beira do riacho entoando sua melodia para saudar a primavera, e os
patinhos despareceram na correnteza fazendo a festa nas águas mornas do
riachinho...
Naquela tarde houve a aula de canto e foi muito engraçada, e
por isso resolveram suspender e só os passarinhos poderiam participar nenhuma
outra ave.
No dia seguinte a galinha d’angola chorava tanto que comoveu
o sabiá que pousado na cerca do curral observava aquela cena, e logo surge o rouxinol por compaixão
disse-lhe:
- Não chore, vamos ensiná-la a cantar! Assim não ficará
repetindo: Tô fraca.... tô fraca...., tô
fraca....
Depois que ela se acalmou o rouxinol convidou para ir até
sua árvore no belo e frondoso carvalho onde morava com sua família e outros
amigos.
Assim fez a galinha, com o coração palpitando de emoção foi
saltitando, mas continuava seu canto- tô fraca tô fraca tô fraca... Tinha
certeza que aquela noite aprenderia a cantar tão lindo quanto o colibri e não
seria mais fraca. No concurso todos iriam sentir inveja do seu novo canto.
O rouxinol, o sabiá e o colibri começaram a ensinar a
galinha d’angola a cantar, mas não tinha jeito ela era rouca e desafinada só
conseguia repetir tô fraca... tô
fraca...tô fraca...
O colibri começou a bocejar e adormeceu.
- Por hoje chega!
Vamos ao conserto amanhã à tarde, venha nos ver cantar quem sabe vai
aprendendo a melhorar seu vozeirão desafinado, disse o sabiá cansado de ouvir aquela
voz irritante da galinha que saiu cabisbaixa e desanimada.
O dia acordou todo animado era dia de festa e assim é
chegada a hora do conserto a orquestra já estava formada a bicharada animada só
à galinha num canto desanimada.
O galo no saxofone, o macaco tocando tambor, o sabiá no
violão, os outros passarinhos faziam o coro enquanto os vocalistas eram o
colibri e o rouxinol.
E todos aplaudiam de pé deixando os dois orgulhosos das suas
lindas vozes.
O rouxinol correu para o espelho, queria ver se estava bem
em seu traje elegante, ajeitou a gravata alisou as penas, apoiou o chapéu na
cabeça, deu um assobio. Reconhecia que estava muito elegante.
As cortinas se abriram a orquestra começou a tocar o rouxinol abriu o bico e
cantou maravilhosamente acompanhado pelo colibri.
- Bravo! Bravo!
Viva! Gritavam todos entusiasmados. O
rouxinol muito vaidoso grita que seu talento era de dar inveja a todos os
animais da floresta.
A festa continuava animada, o sol descia por trás das
árvores trazendo as sombras da noite e o sorriso das estrelas.
Um bando de periquitos passou fazendo algazarra, grupinhos
de esquilos pulavam pra lá e pra cá. Havia
aquelas que admiravam as flores de alfazema e do alecrim que se encarregavam de
perfumar o ambiente eram os lindos beija- flor, abelhas e outros insetos que
circulavam entre eles.
O macaco Janjão saltitava na copa das árvores para fotografar
o lindo por do sol que se exibia entre o rendilhado das folhas.
Os pardais começavam a gritar que corressem com o show, pois
logo o sol iria dormir a noite ficaria escura e a lua avisou que não apareceria,
pois estava muito cansada de brilhar. O céu já estava todo escuro as estrelas
adormeciam dando lugar as nuvens que ameaçavam derramar seus pingos de chuva.
Naquele momento a floresta inteira estava risonha, a chuva
chegou trazendo no frescor da noite uma melodia ao receber seus pingos batendo
nas folhas.
Mas o show chegou ao fim, os passarinhos se retiraram e
todos os outros bichos foram para suas casas. A galinha entristecida, pois não
fora notada pelos passarinhos e cansada com medo de se perder ficou encolhida
por ali.
O PASSARINHO SOLITÁRIO
Quando
o sol enfraquecia a sombra caia cobrindo a floresta com o negro da noite o
passarinho solitário chegava para repousar nos galhos do majestoso carvalho ali
ele sabia que teria proteção. O carvalho por sua vez ficava feliz mesmo não
demonstrando com sua cara carrancuda, mas gostava de ter ali todas as noites o
canto solitário daquele pobre passarinho.
Os
dois já eram amigos, o carvalho adorava saber
como era o mundo além dos limites da sua visão que ali enraizada não
poderia sair.
E
o passarinho começava a relatar as suas andanças daquele dia enquanto o
carvalho cochilava encantado.
-
Ah, meu bondoso carvalho, hoje bati minhas asinhas e fui bem longe, passei em
lugares com tapetes de flores pelo chão e
rios correndo com tanta fúria que fazia medo. Passei por moleques com
gaiolas prontos para aprisionar os indefesos passarinhos assim como eu, mas
agora preciso dormir meus olhinhos já estão se fechando. Bocejou e caiu no sono
abraçado pelas folhas do carvalho.
Quando o sol já ia nascendo o passarinho cantou
a sua melodia solitária que enchia de
encanto o coração do carvalho e lá se foi ele para o seu dia a dia, batendo as
asas coloridas e brincando com as borboletas que por ali esvoaçavam.
Passaram dias e o passarinho não aparecia o
carvalho implorava para que todos se movimentassem e encontrassem o seu
amiguinho solitário, mas ninguém o conhecia e nem sabia por onde procurar.
Passado luas e luas ele voltou muito tristinho
e assustado, o carvalho aflito queria saber de tudo e por onde andastes esse
tempo todo, mas o pobrezinho só fazia tremer.
- Amigo passarinho, que foi que te aconteceu?
Por que estás assim assustado e triste? Assim fico triste também e senti muito
a sua falta.
Depois de muito esperar o passarinho começou a
falar:
- Eu vi passarinhos presos em gaiolas, sem
poder sair de lá... Sem poderem ver a beleza do mundo, sem poderem voar
alegremente como eu... Ai meu amigo fiquei apavorado e queria ajudar a livrar
todos daquela prisão. Fiquei com tanto medo que voei para bem longe, não tive
coragem de me aproximar... Ai que tristeza... Quanta maldade mora no coração do
homem.
A noite se passou e logo o dia raiou o sol
parecia dizer que corresse e fosse salvar seus amigos e nem bem o carvalho
acordou lá se foi ele bater asas em
direção às gaiolas que havia visto no dia anterior.
Era muito longe uma terra distante lá do outro
lado das montanhas e quando o sol enfraquecia a sombra cobria a floresta com o
negro da noite acendiam vaga-lumes em bando vestindo seus trajes luminosos e
lanterninhas acesas faziam a festa, ali tudo era diferente o céu ficava apagado
diante de tantas luzes acesas melhor procurar agasalho e esperar outra vez o
sol chegar assim poderia encontrar seus amigos e foi dormir numa árvore na beira de um riacho
onde sapos coaxavam rãs se agasalhavam em troncos caídos , cobras e lagartos se
recolhem assim poderia dormir sem medo de ser devorado por uma esfomeada.
O medo começa a tomar conta quando corujas,
morcegos e outros predadores aparecem em busca de presa fácil para se
alimentarem. Mas a noite passou apressada e logo o sol acordou, o passarinho se
sacudiu e partiu de longe avistou que
colocavam as gaiolas do lado de fora. Ficou a espreita a fome fazia barulho em
seu papo, mas não sairia dali ate que salvasse seus amigos.
Ao ver a presença do pobre passarinho
solitário todos os que se encontravam presos começaram a falar:
- De onde surgiu esse infeliz tão feio assim,
saia daqui ou chamaremos o gato para te devorar.
- Calma meus amigos eu vim de longe para
salvar vou abri as portinhas e podem voar para bem longe comigo onde possam
viver livres e felizes- disse o passarinho todo contente.
- Sai logo daqui não queremos a sua liberdade,
desapareça.
O pássaro decepcionado voou para longe, a noite
foi repousar no galho do amigo carvalho e lhe contou da conversa que tivera com
os ingratos passarinhos prisioneiros e o quanto estava triste com o que ouvira.
O carvalho, do alto de sua sabedoria de centenas de anos a olhar e cuidar de todos ali da
floresta disse:
- Amigo passarinho solitário não fique assim
entristecido, há os que gostam da liberdade, de fazer e dizer o que pensam, e
há os que preferem ficar presos por preguiça e comodismo. Deus fez os
passarinhos livres para viverem e voar até onde suas asas alcançarem, mas os
homens que aprisionam os animais são eles mesmos prisioneiros da felicidade, da paz e da liberdade.
4º CAPÍTULO
A RAPOSA E O SABIÁ
Numa inesperada manhã as inesperáveis amigas a raposa e a coruja saíram para passearem. A raposa Pimpolhona uma refinada dama da nobreza como ela se achava garbosa que a todos conquistavam com seu charme e elegância
se exibia achando-se uma nobre por ter
os pelos dourados como o por do sol e os olhos cor de mel.
A coruja com seus
olhos esbugalhados dizendo-se ser o símbolo
da sabedoria e da solidariedade, não passava de um malandra aventureira.
Numa tarde enquanto passeavam nas pastagens verdejantes foram
surpreendidos com uma portinha aberta, a coruja num impulso saltou para dentro
abocanhou um filhotinho da andorinha Zizi.
A mamãe andorinha chegava trazendo insetos para alimentar
seus filhotinhos, encontrou apenas um que encolhidinho chorava tremendo de
medo. A andorinha largou o inseto e partiu feito uma fera pronta para atacar a
coruja que fugia com seu filhotinho no bico.
Com um voo alucinado avançou sobre a coruja maldosa que largando o bichinho
correu gritando e se enfiou em seu buraco. Um colibri solitário ouvindo o suave gemido da avezinha
correu para ajudá-la, logo a mamãe andorinha pousava ao seu lado mas nada
poderia fazer o bichinho olhou para sua mamãe abriu o bico e morreu.
A mamãe andorinha chorava a perda do seu filhotinho. A raposa
Pimpolhona que corria para encontra-la
chegou cansada e sem folego caiu o seu lado, só minutos depois respirou fundo e
disse:
- Eu era amiga daquela coruja, mas não aceito a maldade que
fez a esse pobrezinho, ela sabe o que
mais tem nessa região são bichos para
ela matar a fome, mas a maldade dela eu não vou perdoar.
E assim a raposa e a andorinha tornaram-se
amigos. Já refeitos e sem mais nada para fazer ali, enterraram o
bichinho e foram cuidar do outro que com certeza estava sozinho e chorando de medo.
Os dias passavam os três não se separavam os passarinhos
voavam e a raposa corria assim se tornavam uma família. Muitos achavam
engraçados e até criticavam nunca ouviram falar dessa amizade entre uma raposa
e um passarinho, mas era mesmo uma grande amizade.
O domingo acordou com um sol lindo os três saíram pela
floresta, a raposa levava o filhotinho
de passarinho em seus pelos fofinhos,
mamãe voava tão baixinho que chegava a ficar rente a sua nova amiga assim não deixava seu filhote longe da sua
proteção. Chegando numa clareira muitas lebres vendiam balões coloridos.
Cuidaram logo de comprar um vermelho e amarraram na patinha do passarinho, a brisa deu um
assobio e fez o balão subir, subir e lá se foi o passarinho feliz pela nova
aventura. A andorinha ao ver o filho naquela altura bateu asas e subiu para
salvar o seu pequenino filhote que ria alegremente batendo as asinhas.
O balão continuava a subir e quanto mais à brisa atrevida
soprava para longe ele era levado. A
raposa corria por terra, mas não conseguia acompanhar as estripulias da brisa.
De repente bum! O balão foi espetado por um graveto e estourou largando o
passarinho preso nos galhos pelo cordão que o prendia ao balão, lutando para se
soltar começou a sentir medo e
chorava. Mamãe finalmente conseguiu
chegar e com seu bico soltou sua perninha que ficou machucada.
Piu... piu, gemia o filhotinho, a raposa que já estava lá
embaixo aguardava a andorinha que desceu com cuidado e colou o filhote nas costas da amiga e correram até o posto médico da floresta. O
passarinho não parava de gemer, o médico o Dr. macaco cuidou do pequenino e
liberou pra que fosse cuidado em sua casa.
Começava a escurecer, os três estavam aflitos temendo um novo ataque da coruja, a
casa ficava do outro lado da montanha melhor pernoitarem por ali assim com a
luz do sol iluminando a floresta seguiriam viagem e assim o fizeram.
O macaco acomodou todos, depois lhes serviu um saboroso
jantar uma deliciosa salada de milho alpiste, sementes fresquinhas uma carne suculenta de ratos gordinhos para a
raposa que comia e se lambuzava e
bananas saborosa refeição para o seu paladar, assim depois de se
banquetearam foram dormir. Na manhã bem cedinho bem antes do galo das montanhas
cantar os três partiram em caminhada. No
caminho o passarinho se escondeu nos pelos da
raposa e se divertia com os
peixinhos que saltitavam nas águas azuis do riachinho.
Logo chegaram a um jardim florido onde as flores se vestiam
com suas belas roupas de festa, a rosa com sua serenidade se admirava com a
forma espevitada do cravo que não parava
quieto só querendo se balançar assanhando suas pétalas, uma lebre distraída serviu para o banquete da raposa enquanto o sabiá colhia as lagartinhas para alimentar o filhote que preguiçosamente dormia
entre as orelhas da raposa. A refeição saborosa e o cansaço fez com que todos
deitassem as sombras de um lindo pé de jasmim e adormeceram.
Despertaram se
espreguiçaram e bem antes que o sol se fosse partiram. A raposa prometeu que aquela noite ofereceria um jantar
aos seus novos amiguinhos.
O sabiá já sentia água no bico, o filhotinho saltitava ao ver
a raposa separando sementes, descascando
milho e colhendo cenouras para fazer o jantar. O cheiro estava bom e logo o
jantar foi servido.
Para o sabiá e o filhotinho uma bela salada com vários tipos
de sementes, lagartinhas e besouros fresquinhos, folhas de alface verdinha
colhida bem ali ao lado da sua toca. Para seu paladar uma deliciosa sopa de
tartaruga pescada no lago que dormia parado nos fundos da sua casa.
Foi uma bela noite cheia de alegrias e das tragédias não mais se falaram, de repente o céu
escureceu as nuvens começaram a dançar, as estrelinhas pulando avisavam que iriam
se recolher, a lua nem apareceu, a chuva logo, logo caia ensopando tudo,
enchendo rios, riachinhos e o lago onde patos e marrecos nadavam no sabor da
noite. Não tardou o temporal começou
a cair, as gotas batiam forte como se
fossem entrar na casa, o vento começou soprar trazendo arrepios nas penas dos
passarinhos que se encolheram em um galho bem ao lado do fogo, a raposa se encolheu em sua caminha.
E assim minutos depois a chuva cantando lá fora ali dentro os
três roncava de tão cansados que estavam...
Depois de uma noite de chuva o sol enxugou as nuvens, lavou a cara no orvalho bocejou no
espelho redondo da lua, só então bem acordado deu corda no relógio da natureza
acelerando o despertar do dia.
O passarinho aventureiro sempre que chegava era assim: Bom
dia para quem chegou agora. Bom dia a esse raio de sol e vamos viajar na nossa
folia gritava se sacudindo cheio de alegria. O galo da serra acorda sonolento
boceja tenta cantar mais alto que o rouxinol
mas só consegue um assobio tão baixinho que nem o sol escutou.
O sabiá que até então estava calado pousa na grama engole
gotas de orvalho para afinar o bico e começa a sua sinfonia calando todos que
quisessem lhe imitar.
Num farfalhar de asas os gafanhotos como batalhão de
soldadinhos depois de picotarem as folhas da roseira saem marchando.
Eram tantos bichos para se admirar, um casal de pardal salta
do telhado boceja e começa a reclamar que o sol infiltrou em sua casa
despertando antes do sono acabar.
A aranha ainda sonolenta tecia seus fios para logo mais
atrair sua presa que com certeza seria a mosquinha que rodava de um lado a
outro sem saber qual direção tomar.
Na cozinha o pica pau preparava seu almoço enquanto o bem te
vi só sabia fofocar que o quero, quero andava
a perambular.
- Corram! Corram! Gritava o gavião apressado, chame o curió
ele precisa acordar a natureza e avisar a todos, Vejam! Desce das montanhas
garotos com seus alçapões.
Foi àquela correria o sabiá convocou uma assembleia os
passarinhos boquiabertos gritam para o beija- flor estica o fio do telefone
avisa a brisa ela saberá o que fazer para que aqueles garotos malvados recebam
uma lição e nunca mais volte aqui no reino dos pássaros.
O gavião empina o peito e impondo autoridade eu me encarrego
deles e nunca mais irão pensar em chegar perto de um passarinho. Agora corram
para o carvalho onde só o olho do sol possa avistar. Quem não é passarinho não
corre perigo, mas fiquem atentos ao meu aviso lancem contra aqueles malvados.
Concluiu o gavião.
A ordem foi obedecida e num esvoaçar de asas foram se
proteger. Os garotos chegaram o papagaio muito malandro foi logo se adiantando
em levar os dois para uma armadilha.
- Eu não gosto de passarinhos são muito exibidos só porque
sabem cantar. Venha! Eles estão naquela direção lá tem um bosque cheio de
sementes maduras vamos lá tem muitos curiós. Corram.. Curupaco! Curupaco repetia o papagaio.
Os meninos empolgados pensando que dessa vez levaria uns dez
ou doze o que daria um bom dinheiro e seguiram com os olhos brilhando de
maldades.
O que encontraram foi um gavião furioso que atacava bicando a
cabeça batendo com os pés, os garotos
com os braços aranhados começaram a correr quando saíram animais de todo
canto avançando sobre eles que amedrontados corriam como se tivessem rodas nas
canelas.
O carvalho que a tudo observava em silêncio não se conteve quando todos os
passarinhos começaram a festejar , e com um farfalhar de galhos aplaudia a
astucia do gavião.
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