Um dia faz alguns anos, lá nas curvas que o tempo faz que nem
se imagina onde é esse lugar. Um jovem se perde numa floresta onde fazia
caminhada com um grupo de amigos.
Durante os dias ele vagava sem ter noção em qual direção tomar, colhia frutas, pegava
água no riachinho de águas cristalinas que margeava a floresta. Às vezes
corria, subia em árvores na esperança de encontrar uma casinha perdida naquele
lugar imenso de árvores altas que encobria
o céu como um guarda-sol gigante. Outro momento brincava com alguns
animaizinhos ou fugia de outros enormes com caras de ferozes como um javali com
seus enormes dentões.
A noite se recolhia na caverna e fechava a entrada com galhos
de árvores, acendia uma fogueira para se aquecer e espantar animais noturnos,
só saia de lá quando a luz do sol penetrava pelas frestas do teto muito alto
que parecia chegar pertinho do céu.
Certo dia saiu e foi andar em outra direção por trás da
caverna, andou horas até chegar num rio que roncava quando as águas desciam
embolando nas pedras. Alguns animais por ali chegavam, entre o medo e a
curiosidade escondeu-se e ficou a observar os movimentos de cada um. Alguns
temendo que algo estranho estivesse acontecendo se retiravam as pressa, outros
percebendo a sua presença passaram a
examiná-lo de longe sempre desconfiados. De repente em meio aos arbustos surgem
dois olhos temerosos, eram de um leopardo com certeza em busca de alguma presa
indefesa, sem perder tempo o jovem saiu pé ante pé e quando se sentiu seguro
correu para a gruta aonde chegou ofegante com as pernas bambas feito uma geleia tão grande era o medo
daqueles olhos famintos.
Por ali ele ficou o resto da manhã, a tarde aquietado do
susto voltou ao riacho para tomar banho, já não havia por lá aqueles olhos
temerosos, apenas alguns animais que se refrescavam na beira da água, brincando
como crianças enquanto alguns adultos deitados á sombra observava as
estripulias dos filhos. O jovem ficou por ali sentado á sombra das árvores
rindo dos gracejos dos passarinhos e das peraltices dos peixes que davam
cambalhotas saltando alto nas águas. Tudo ali era perfeito se não
estivesse sozinho. A todo instante revia aqueles olhos, era
apenas o medo tudo ali estava calmo e com certeza aquele animal não voltaria,
pelo menos naquela tarde.
Passam-se alguns dias e ninguém aparecia para socorrer com
certeza já o esqueceram, - pensou triste. Não ficaria ali parado e resolveu
sair, passava os dias andando a noite dormia em abrigos improvisados com galhos
de árvores.
Numa dessas noites de maior inquietação quando dormia numa
gruta no alto de um rochedo, como fazia muito calor saiu para tomar um pouco de
ar e olhar a lua sua única companheira das noites solitárias. Mas ela não
apareceu para seu desespero, o céu estava pesado com nuvens negras.. para sua
surpresa ao virar-se para retornar a gruta deparou-se com milhares de olhos
cintilantes. Sem entender tateou-se na veludosa escuridão já não sentia medo e
sim ansiedade para saber de onde vinha e a quem pertenciam tantos olhos.
Limpou os olhos várias
vezes apurou a visão e logo percebeu a distância entre ele e aqueles olhinhos
que piscavam.
- São luzes! Ali tem um povoado, uma cidade. Gritou ouvindo
seu eco vibrar nas paredes da gruta...
Entrou eufórico a
espera que o dia raiasse e sairia em busca de socorro. Adormeceu o mais
aconchegante dos sonos. Quando despertou abriu o olho feliz como se estivesse
em sua cama, o sol penetrava pela entrada da gruta lançando seus raios nas paredes. Levantou de um salto
correu até lá fora estava tudo claro e cheio de esperanças. Sem
perder tempo ele saiu em direção as luzes que brilharam na noite passada.
Autoria- Irá Rodrigues
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