quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

O AMOR EXISTE E FAZ BEM A QUEM DÁ E QUEM RECEBE...



Assim que o Sol despontava saia pelas ruas  amarelo, amarelinho de fome, mesmo assim nunca perdia a alegria de viver cantando entre carros parados nos faróis.
- Quem vai querer? É tão baratinho, tem frutinhas fresquinhas bem docinhas e todas lavadinhas. Tem de todas as cores cada uma com seus sabores...
As horas passavam nada ele vendia, cansado pega uma banana, descasca e come para tapear a fome, enquanto devora quase engolindo a casca olha do outro lado da rua um menino sentadinho no passeio com olhar cobiçado para o que comia com tanto gosto. Uma simples banana. O garoto atravessa a rua entre carros vai até o menininho se agacha ao seu lado pega outra banana e lhe oferece, o menino agarra ligeiro com medo que fosse um sonho, fazia dois dias que nada comia e a fome lhe consumia...
No farol filas de carros parados, no fim da fila uma velhinha em seu carro com motorista observava aquela cena e seu coração lhe dizia: tem tanto e aqueles dois garotos nem um pedaço de pão, o gesto do garoto maior que só tinha as frutinhas para vender e ainda ajuda o menino, tomou uma decisão e fala para o motorista:
- Encoste o carro ali onde estão aqueles dois garotos.
- Mas senhora pode ser perigoso, meninos de rua não são confiáveis podem assaltar a senhora ou até lhe fazer algum mal. Retrucou o motorista.
- Pare! Ordenou à velha.
Ao estacionar abriu o vidro e chamou os garotos:- Venham até  aqui quero comprar frutas mas traga o menininho quero falar com ele. Pediu a velha bondosa.
Os dois envergonhados, sujos e amarelos de fome chegaram perto do carro sem encostar com medo de sujar a pintura  branca e lustrosa do carro luxuoso.
- Venha até aqui meu garoto, quero todas as frutas, mas antes respondam onde e com quem moram?
O menininho se encolheu atrás do garoto que se adiantando respondeu:
- Moramos na rua, ainda muito pequeno fui abandonado, não tenho família, durmo aonde a noite chegar olhando para as estrelas, esse menininho também foi abandonado e quando eu o encontro tento tapear a fome oferecendo-lhe uma fruta que pego para vender e ganhar alguns trocados queria fazer mais por ele, mas é a única coisa que tenho. Disse o garoto passando a mão na cabeça do menininho.
O rosto da velha ia se transformando as lágrimas banhando o seu rosto bondoso, não se contendo falou em tom carinhoso:
- Venham comigo, levo até a minha casa lá podem tomar um banho e se alimentar bem, moro em uma casa enorme com alguns empregados, meus cachorros e dois gatos. Darei um trabalho a cada um e cama quentinha onde podem dormir e nunca mais voltar para as ruas. Não precisam ficar perambulando pelas ruas no meio dos perigos, concluiu a velha.
Os dois amedrontados nada respondiam, depois de muito a velha insistir os dois timidamente entraram no carro e partiram para uma nova vida.
Hoje o garoto que não tinha nome se chama José e é um médico famoso, o menininho se chama Antônio  e por gostar tanto de animais fez veterinária e tem uma enorme clinica onde cuida também de animais abandonados nas ruas.
A velha depois de ver seus dois meninos formados e bem encaminhados na vida veio a falecer deixando toda a sua riqueza metade para os empregados e metade para os dois garotos seus filhos adotivos.
O amor existe e faz bem a quem dá e quem recebe...

Autoria – Irá Rodrigues
http://www.recantodasletras.com.br/contos-

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