Assim que o Sol
despontava saia pelas ruas amarelo,
amarelinho de fome, mesmo assim nunca perdia a alegria de viver cantando entre
carros parados nos faróis.
- Quem vai querer? É
tão baratinho, tem frutinhas fresquinhas bem docinhas e todas lavadinhas. Tem
de todas as cores cada uma com seus sabores...
As horas passavam nada
ele vendia, cansado pega uma banana, descasca e come para tapear a fome,
enquanto devora quase engolindo a casca olha do outro lado da rua um menino
sentadinho no passeio com olhar cobiçado para o que comia com tanto gosto. Uma
simples banana. O garoto atravessa a rua entre carros vai até o menininho se
agacha ao seu lado pega outra banana e lhe oferece, o menino agarra ligeiro com
medo que fosse um sonho, fazia dois dias que nada comia e a fome lhe
consumia...
No farol filas de
carros parados, no fim da fila uma velhinha em seu carro com motorista
observava aquela cena e seu coração lhe dizia: tem tanto e aqueles dois garotos
nem um pedaço de pão, o gesto do garoto maior que só tinha as frutinhas para
vender e ainda ajuda o menino, tomou uma decisão e fala para o motorista:
- Encoste o carro ali
onde estão aqueles dois garotos.
- Mas senhora pode ser
perigoso, meninos de rua não são confiáveis podem assaltar a senhora ou até lhe
fazer algum mal. Retrucou o motorista.
- Pare! Ordenou à
velha.
Ao estacionar abriu o
vidro e chamou os garotos:- Venham até
aqui quero comprar frutas mas traga o menininho quero falar com ele.
Pediu a velha bondosa.
Os dois envergonhados,
sujos e amarelos de fome chegaram perto do carro sem encostar com medo de sujar
a pintura branca e lustrosa do carro
luxuoso.
- Venha até aqui meu
garoto, quero todas as frutas, mas antes respondam onde e com quem moram?
O menininho se encolheu
atrás do garoto que se adiantando respondeu:
- Moramos na rua, ainda
muito pequeno fui abandonado, não tenho família, durmo aonde a noite chegar
olhando para as estrelas, esse menininho também foi abandonado e quando eu o
encontro tento tapear a fome oferecendo-lhe uma fruta que pego para vender e
ganhar alguns trocados queria fazer mais por ele, mas é a única coisa que
tenho. Disse o garoto passando a mão na cabeça do menininho.
O rosto da velha ia se
transformando as lágrimas banhando o seu rosto bondoso, não se contendo falou
em tom carinhoso:
- Venham comigo, levo
até a minha casa lá podem tomar um banho e se alimentar bem, moro em uma casa
enorme com alguns empregados, meus cachorros e dois gatos. Darei um trabalho a
cada um e cama quentinha onde podem dormir e nunca mais voltar para as ruas.
Não precisam ficar perambulando pelas ruas no meio dos perigos, concluiu a
velha.
Os dois amedrontados
nada respondiam, depois de muito a velha insistir os dois timidamente entraram
no carro e partiram para uma nova vida.
Hoje o garoto que não tinha
nome se chama José e é um médico famoso, o menininho se chama Antônio e por gostar tanto de animais fez veterinária
e tem uma enorme clinica onde cuida também de animais abandonados nas ruas.
A velha depois de ver
seus dois meninos formados e bem encaminhados na vida veio a falecer deixando
toda a sua riqueza metade para os empregados e metade para os dois garotos seus
filhos adotivos.
O amor existe e faz bem
a quem dá e quem recebe...
Autoria – Irá Rodrigues
http://www.recantodasletras.com.br/contos-
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