quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

NO ZOOLÓGICO





A girafa e o elefante são vizinhos, vive em jaulas separadas apenas por uma parede, muito curiosas à girafa espicha o pescoço, fica num alvoroço querendo conhecer o seu novo vizinho com aquele vozeirão, mas muito desafinado. Espia de lado, nada pode ver, - Será que ele também é tímido, quieto ou gosta de conversar? Perguntava a girafa a si mesma...
E começa a imaginar: Será que ele é cabeludo, sardento, divertido ou apenas um grandalhão barrigudo sem graça feio e aborrecido? Mil perguntas surgiam em sua mente, porém faltava-lhe a coragem de puxar conversa.
Até que um dia tomou coragem respirou fundo e aproveitando o silencio daquela hora se apresentou:
- Eu sou a girafa Zenaide está morando aqui faz uns cinco meses, mas essa jaula ao lado sempre esteve vazia, agora que está sendo ocupada podemos nos conhecer?
Claro respondeu o elefante- Eu sou  Manelão o elefante mais charmoso do zoológico, estive viajando em visita a outro zoológico cheguei faz poucos dias, Completou o elefante todo metido a galã.
Naquele momento chegava um grupo de crianças barulhentas a girafa não ouviu nada que ele disse. Bom seria um telefone assim não atrapalhavam a nossa conversa. Pensou ela cheia de imaginação. Já sei! Vou escrever um bilhete numa folha e tento passar para ele, a parede era muito alta nem o seu pescoço comprido conseguia alcançar, quando tentava outra vez veio um pé de vento e a folha foi lançada no ar.
Passam-se dias, meses e chegam a um ano que os dois se falavam todas as noites quando tudo ali era silêncio.
Até que não suportando mais viverem naquela situação resolveram fugir. O elefante foi primeiro e no lugar combinado ficou a espera da girafa que chega  cansada  com o seu andar desengonçado quase o dia amanhecendo.
 O primeiro encontro, os dois mudos envergonhados como dois ponteiros de relógio parado. Enfim, saiu um “oi” meio tímido  que mais parecia um gemido abafado na garganta. A girafa sentiu vontade de fugir e também da dar risadas. O elefante era muito gordo- Pensou a girafa se achando elegante com suas pernas e pescoço longo...
A conversa aos poucos engatou como tinha de acontecer, os dois querendo falar ao mesmo tempo não faltava assuntos. Juntos partiram para a floresta onde vivem juntos, às vezes brigam por ser o elefante muito mandão, mas logo  a doçura da girafa amolece aquele coração gigante e voltam a se divertirem como bons amigos inseparáveis.

Irá Rodrigues

REVOLTA DA VASSOURA




Cansada e revoltada de tanto correr de lá para cá varrendo casa, lavando calçada e chega o fim do dia é largada num canto para mais uma noite de solidão. Enquanto todos dormiam a vassoura fez um pedido para uma estrelinha que passeava no céu.
- Estou cansada de ser uma vassoura velha, nem que seja por uma noite queria ser livre e feliz sair por ai voando mas não ser veiculo de bruxa, queria me sentir como uma vassoura importante- Amanhã posso voltar a ser a vassoura escrava. Ajuda-me estrelinha sorridente! Implorou a vassoura.
A estrelinha ao ouvir aquele pedido tão estranho resolveu ajudar, sorrindo jogou sobre a pobre vassoura pingos de luz clareando o cantinho escuro em que ela estava jogada.
De repente, num passe de mágica a vassoura velha e cansada quase sem pelos se viu linda rodopiando pelo quintal, como  tivesse um par de asas saiu pelo ar voando pelas ruas com o vento assanhando seus pelos novos e sedosos.
A noite ficou pequena para tantas aventuras. Assim continuava a vida da vassoura, as noites assim que era largada no canto se transformava e voava feliz com o sabor do frescor da noite. Na manhã seguinte voltava a ser a velha vassoura escrava.

Autoria- Irá Rodrigues

 Resultado de imagem para revolta da vassoura

O MENINO PERDIDO NA FLORESTA


Um dia faz alguns anos, lá nas curvas que o tempo faz que nem se imagina onde é esse lugar. Um jovem se perde numa floresta onde fazia caminhada com um grupo de amigos.
Durante os dias ele vagava sem ter noção em  qual direção tomar, colhia frutas, pegava água no riachinho de águas cristalinas que margeava a floresta. Às vezes corria, subia em árvores na esperança de encontrar uma casinha perdida naquele lugar imenso de árvores altas que encobria  o céu como um guarda-sol gigante. Outro momento brincava com alguns animaizinhos ou fugia de outros enormes com caras de ferozes como um javali com seus enormes dentões.
A noite se recolhia na caverna e fechava a entrada com galhos de árvores, acendia uma fogueira para se aquecer e espantar animais noturnos, só saia de lá quando a luz do sol penetrava pelas frestas do teto muito alto que parecia chegar pertinho do céu.
Certo dia saiu e foi andar em outra direção por trás da caverna, andou horas até chegar num rio que roncava quando as águas desciam embolando nas pedras. Alguns animais por ali chegavam, entre o medo e a curiosidade escondeu-se e ficou a observar os movimentos de cada um. Alguns temendo que algo estranho estivesse acontecendo se retiravam as pressa, outros percebendo a sua  presença passaram a examiná-lo de longe sempre desconfiados. De repente em meio aos arbustos surgem dois olhos temerosos, eram de um leopardo com certeza em busca de alguma presa indefesa, sem perder tempo o jovem saiu pé ante pé e quando se sentiu seguro correu para a gruta aonde chegou ofegante com as pernas  bambas feito uma geleia tão grande era o medo daqueles olhos famintos.
Por ali ele ficou o resto da manhã, a tarde aquietado do susto voltou ao riacho para tomar banho, já não havia por lá aqueles olhos temerosos, apenas alguns animais que se refrescavam na beira da água, brincando como crianças enquanto alguns adultos deitados á sombra observava as estripulias dos filhos. O jovem ficou por ali sentado á sombra das árvores rindo dos gracejos dos passarinhos e das peraltices dos peixes que davam cambalhotas saltando alto nas águas. Tudo ali era perfeito se não estivesse  sozinho.  A todo instante revia aqueles olhos, era apenas o medo tudo ali estava calmo e com certeza aquele animal não voltaria, pelo menos naquela tarde.
Passam-se alguns dias e ninguém aparecia para socorrer com certeza já o esqueceram, - pensou triste. Não ficaria ali parado e resolveu sair, passava os dias andando a noite dormia em abrigos improvisados com galhos de árvores.
Numa dessas noites de maior inquietação quando dormia numa gruta no alto de um rochedo, como fazia muito calor saiu para tomar um pouco de ar e olhar a lua sua única companheira das noites solitárias. Mas ela não apareceu para seu desespero, o céu estava pesado com nuvens negras.. para sua surpresa ao virar-se para retornar a gruta deparou-se com milhares de olhos cintilantes. Sem entender tateou-se na veludosa escuridão já não sentia medo e sim ansiedade para saber de onde vinha e a quem pertenciam tantos olhos.
Limpou  os olhos várias vezes apurou a visão e logo percebeu a distância entre ele e aqueles olhinhos que piscavam.
- São luzes! Ali tem um povoado, uma cidade. Gritou ouvindo seu eco vibrar nas paredes da gruta...
Entrou eufórico  a espera que o dia raiasse e sairia em busca de socorro. Adormeceu o mais aconchegante dos sonos. Quando despertou abriu o olho feliz como se estivesse em sua cama, o sol penetrava pela entrada da gruta lançando  seus raios nas paredes. Levantou de um salto correu até  lá fora  estava tudo claro e cheio de esperanças. Sem perder tempo ele saiu em direção as luzes que brilharam na noite passada.

 Autoria- Irá Rodrigues

A LAGARTIXA ZAZÁ



ZAZÁ

De tão preguiçosa vivia gorda quanto mais crescia mais gorda ficava, de cauda longa cabeça chata onde destacava dois olhos esbugalhados que tudo via e atacava.
Na sua festa de seu aniversário roupa nenhuma encontrava para o seu corpão, resolveu então ir até a cidade comprar tecidos e com ajuda da sua mãe fazer a sua própria roupa, o vestido alargado e ainda ficava apertado  da noite para o dia ela aumentava alguns quilinhos na balança de lagartixa.
Hora de se arrumar para a grande festa, com seu andar pesado a lagartixa se arrastava aumentando a distancia entre ela e os convidados que seguiam animados sem prestar atenção na aniversariante que ficava para trás.
Quase chegando ouviu que a festa estava animada quando um calango engraçadinho com seu terno listrado de preto e amarelo disse com sua voz tranquila:
- Nossa! Você é a lagartixa mais gorda que já vi em toda essa região.
- Não me amole, gritou Zazá se arrastando quase ficando por ali sem força para continuar.
 Quando ela já colocando a língua de fora de tão cansada conseguiu entrar no salão todos os convidados vieram parabenizar.
A lagartixa caiu na primeira cadeira ao lado da porta e para surpresa a cadeira quebrou com o seu peso deixando-a ainda mais com vergonha. Começou a chorar ao lembrar o seu sonho de ser uma bailarina e rodopiar pelo salão na festa do seu aniversário. Mas nada disso acontecia, estava ali na festa porem feia gorda e sem condições de dançar.
Os pés começaram a doer o sapato apertava a meia sufocava, arrancou tudo  escondeu embaixo da cadeira e ficou ali plantada como se fosse um pé de repolho.
Quando algumas lagartixas magrinhas e esbeltas apareceram no palco a sua vontade era estar ali com elas, levantou-se esqueceu do sapato com a sua saia rodada deu o primeiro passo tropeçou e caiu bem ao pé do sanfoneiro que deu um pulo de lado temendo ser esmagado.
Com seu peso prendeu o pé de um dançarino que se aproximava  para ajudar, todos correram para ajudar a se levantar e libertar o pobre que estava preso, erguendo-se com dificuldade ela voltou a se sentar. Muito envergonhada avisou que iria se retirar e desapareceu porta adentro.
Aquela noite enquanto da cama ouvia a animação de todos, ela tomou uma decisão: - Iria desaparecer por algum tempo e só voltaria quando estivesse bem magrinha  como as suas amigas e seu sonho iria realizar, ser uma brilhante bailarina;
Os dias se passavam todos comentavam o que teria acontecido com Zazá, a última vez que apareceu foi na sua festa de aniversário.
Um dia chegou o convite para uma apresentação de dança na cidade, todas as lagartixas compareceram. Quando o casal de dançarinos apareceu o palco ficou pequeno para tantas voltas e reviravoltas, com pés flutuando  com graciosidade deixando todos encantados com aquela leveza.  O casal  em cada apresentação deixava todos de boca aberta diante da perfeição .
Ao final das apresentações os dois voltaram ao palco para se apresentarem:
A dançarina com corpinho de cinturinha fina usando um vestido curtinho sapatos de salto alto e um elegante colar que dava o charme ao seu traje foi a primeira a se apresentar.
E quando isso aconteceu foi àquela admiração e espanto ao mesmo tempo. Inacreditável como em pouco tempo Zazá se transformou na lagartixa mais elegante da região.
E assim realizou seu sonho e foi feliz para sempre.

Moral da história, tudo depende da força de vontade.

 Autoria Irá Rodrigues

AMOR SE PAGA COM AMOR




Numa planície de flores de algodão vivia uma família  muito feliz.
Como sobravam fios para fiar resolveram contratar as aranhas assim teriam linhas para confeccionar tecidos. À tardinha colhiam flores para tingir os fios com as mais belas cores, quando o chão ficava forrado dos mais lindos tecidos convocavam os passarinhos para saírem vendendo pela redondeza, certa vez, tentando passar pelo rio, o sabiá levava nas asas pacotes de tecidos floridos quando uma flecha acertou uma das suas asinhas fazendo cair gemendo de dor.
O dia se passou veio a noite, na manhã seguinte, conseguiu voar baixinho até a aldeia onde foi recebido e cuidado pela senhorinha que  a contratara para ser vendedor de tecidos.
Enquanto estava em repouso não faltavam carinhos e cuidados, outros passarinhos pousavam na janela e cantavam para alegrar o seu amiguinho enfermo de asa machucada.
No fim de cinco dias, já se sentindo bem se despediu da bondosa senhorinha, apanhou o pacote de tecidos e partiu outra vez, dali em diante, tomou mais cuidado e só voava entre as árvores onde caçadoras não o encontraria, passaram muitos dias e o sabiá não retornava às aranhas a senhorinha e outros passarinhos achavam que o pobre deve ter sido outra vez atingido por alguma flecha.
O tempo se passava o sabiá havia voado para muito longe e lá encontrou muitos da sua família que não conhecia, muito feliz ele  foi recebido com uma grande festa fortalecendo os laços familiares, a partir daquele dia, começou a viver outra vida, ali iria construir a sua família, encontrou uma bela e jovem sabiá com quem pretendia se casar e ter os  seus filhotes.
Certa noite, o sabiá brincava com a sua amada quando de repente lembrou-se da planície  de flores de algodão, sentiu saudades da senhorinha, de repente uma lágrima caiu dos seus olhinhos.
- Por que choras? Perguntou mocinha  sabiá.
- Senti saudades do lugar de onde venho. - Preciso voltar, disse o sabiá.
De repente a Lua clareou como se desse um sinal de que ele estava certo, na manhã antes que o Sol acordasse os dois bateram asas e partiram em direção ao destino que atraia tanto o sabiá. A planície de algodão.
Daquele dia em diante, quando a Lua brilhava os dois sorriam felizes e brincavam nas flores branquinhas e felpudas de algodão como se escorregassem numa nuvem de flocos macios.
E assim os dois construíram a sua família na laranjeira ao lado da casinha da senhorinha que ficava no meio da planície de flores de algodão.
E assim o sabiá concluiu que o amor que recebeu da senhorinha pagaria também com amor.

Autoria Irá Rodrigues
http://www.recantodasletras.com.br/contos-infantis/6098512


AS PIPAS