E
ASSIM VAI COMEÇAR AS AVENTURAS DA LAGARTIXA MARGARIDA
Certo dia a lagartixa Margarida, querendo desfrutar
a vida, resolveu fazer um comunicado. Chegou na pracinha da cidade, ao ver que
estava lotada aproveitou a oportunidade.
- Estou cansada de viver sozinha, só ficarei
encalhada se nesta terra não estiver um moço galante para me desposar. Disse se
achando radiante.
- Não se avexe, você é solteirona e deve continuar.
Quem aqui dessa região vai se interessas por uma lagartixa fofoqueira. Disse a
prima Tixa.
Não gostando da resposta, saiu soltando fogo pelas
ventas, encontrou o calango Tião que foi dizendo sem rodeios.
- O que aconteceu para ficar assim tão desesperada?
- Saia de perto, ou serei capaz de atropelar sua
arrogância. Gritou Margarida, saindo furiosa e foi se refugiar no alto de um
rochedo, assim não teria quem lhe tirasse a paz.
Depois de dias nublados, o Sol abriu os olhos, a
lagartixa resolveu tomar banho de Sol. Vestiu um biquini, passou bronzeador,
colocou óculos escuros e chapéu.
Passou toda a manhã espichada num lajedo, o Sol
muito quente e sem beber água, coitada, estava toda sapecada. De tanta dor no
corpo, gritava, ninguém ouvia, a língua já estava seca dentro da boca, desidratada
gemia se arrastando até chegar em casa.
Foi direto se olhar no espelho, assombrou-se com o
que viu, estava sapecada, o corpo ardendo, nem conseguia mexer a cauda, a cara
parecia um pimentão avermelhado, ardia feito brasa,
-Bem-feito
gritou um passarinho atrevido, agora fica aí sozinha, ninguém vem te ajudar e
partiu cantando bem-te-vi, bem-te-vi.
A
pobre só gemia e chorava, nem força teve para responder o atrevimento daquele
passarinho.
Passou
quase uma semana sem conseguir sair de casa, pouco se alimentava, dormia a
maior parte do tempo.
O dia
amanheceu chovendo, entediada saiu para caçar, sobe num rochedo fica tonta, nem
um besourinho para matar a sua fome. Triste e faminta viu de longe o calango
Sebastião espichado de barriga cheia arrotando e alisando a pança.
Sem
saber explicar, sentiu-se enciumada, sonhava com um belo almoço, uma sopinha
quente, uma salada, nada encontrava. O calango ali sossegado nem imaginava que
estava sendo observado.
Bem
devagarinho se aproximou, o calango roncava, com certeza bem alimentado, sem
rodeios foi logo perguntando.
- Onde
encontro algo para comer, andei a manhã inteira, estou esfomeada.
Ao ver
uma teia de aranha abocanhou de uma vez, a pobre tecia seus fios e nem percebeu
a artimanha da lagartixa que suspirava satisfeita, de barriga cheia afastando-se,
quando o calango gritou:
- Não
seja assim sem educação! Vem aqui, me acorda e sai sem dizer nada.
Esmeralda
nem olhou para trás, voltou para casa cantarolando. Confabulando com seus
pensamentos, subiu numa árvore, tenho poder, vou voar feito passarinho, amarrou
nos braços asas de papel, começou a ensaiar, de nada adiantava, a chuva ficou
forte molhou as asas.
Pensou:
Não irei desistir, amanhã outras asas irei fabricar.
No dia
seguinte, o Sol nem apareceu, a chuva caía feito temporal. Então pensou: Sou
persistente, sem nada para segurar, se esborrachou no chão. Ainda bem que caiu
no seu jardim, a queda foi amortecida nas flores, quebrou apenas uma patinha, o
dedinho do pé e a ponta da cauda.
Ficou
deitada no meio do lamaçal. A irmã que foi visitá-la ficou preocupada ao ver Margarida
gemendo, logo outras lagartixas chegaram para acudir.
Sem
poder sair de casa, começou a escrever poesia, era seu novo sonhos, virar
escritora e poetisa.
CERTA
MANHÃ
Acordou
na maior folia
Foi para
a frente do espelho
Passou
batom vermelho
Fez uma
fotografia.
Sorrindo
mostrou o dente
Admirou-se
por instante
Viu que
estava radiante
Saiu toda
contente.
Na rua
sentiu-se encantada
Ouviu o
calango dar psiu...
Rebolando
ela seguiu
Feliz em
ser cortejada.
RECLAMONA
De
longe ela espiava
A
preguiça de dona lesma
Nojenta
e pegajosa
Pelo
chão se arrastava.
Viu no
canto do salão
O
besouro e o cascudo
Falavam
da má fama
Do
temido pulgão.
Chegou
o vaga-lume
Trazendo
luz e alegria
Só não
esperava encontrar
A
centopeia com seu azedume.
Que a
tudo reclamava
Vivia
no mundo sozinha
Com
seu jeito resmungona
Dela
ninguém gostava...
ENTEDIADA
Resolveu ir passear
Chega um pobre besouro
Com medo de ser devorado
Fugiu dali apressado...
A lagartixa lambeu a boca
Uma sopa de besouro
Serviria em seu jantar
Comeria até se fartar.
E continua a lagartixa
Esperando a hora certa
Se arrastando de levinho
Para pegar o coitadinho.
O besouro que não era bobo
Com medo de ser engolido
Tratou de se mandar
A lagartixa ficou sem
jantar.
Mas se por descuido a
lagartixa o pegasse
Com certeza se arrependeria
Iria fazer tanta lambança
Dentro da sua pança.
VAIDADES DE MARGARIDA
Aos domingos adora sair para passear
Dessa vez caprichou no visual
Iria com as amigas a um festival
Disposta a encontrar um moço para se
casar.
Acordou cedo tomou banho na torneira da
pracinha
Querendo ficar linda usou um vestido de
bola
Pegou o chapéu, colocou lanche na
sacola,
Na outra mão um leque e a sombrinha...
Muito vaidosa não se esqueceu do batom
vermelho
Nem de colocar um laçarote na cabeça
Voltou da porta antes que se esqueça
Admirou-se em frente ao espelho.
Saiu feliz, pois estava muito elegante,
Daquele festival sairia enamorada
Quem sabe até voltaria casada
Pensou- quero um moço bem-falante...
Não gostava de moço muito calado
Diziam que ela falava pelos cotovelos
Que a sua língua era bem maior que um
novelo
Quando estava todo desenrolado.
Toda contente vai a lagartixa passear
Cantarolando seguia pela rua
Sorriu feliz confabulou com a lua
Amiga Lua hoje eu vou desencalhar...
A
PRIMAVERA
Margarida
acordou
Foi se
deitar ao sol
Logo
se espicha
Folgada
essa lagartixa.
Era
estação da primavera
Flores
no campo perfumava
De
biquíni e chapéu de sol
Atraente
ela se achava.
Preguiçosa
ela tira uma soneca
Desperta
com a barriga roncando
Olha
com olhos cobiçados
Um
besourinho que vai passando.
Zaz!...
Nem deu tempo ao bichinho
Tentar
dali escapar
De
barriga cheia ela arrota
- Que
delícia de jantar.
OS
PESSEIOS
Pense
numa lagartixa
Que
adorava sair de casa
A
noite se escondia
Para
caçar bicho de asa.
Seu
café tinha que ter mosquito
Para o
almoço uma baratinha
Daquelas
que circulavam
Nas
paredes da cozinha.
O
verão chegou precisava passear
Resolveu
que iria passar o dia na praia
Pegou
a sacola e o sombreiro
Vestiu
maiô e uma saia.
De
óculos escuros saiu sozinha
Tomou
um susto quando viu o mar
Foi
uma louca aventura
Até
aprendeu a nadar.
A FUJONA
Quando o dia ainda começava a se espreguiçar
Margarida escapava pela janela
Saia para mais uma das suas estripulias
À tardinha ficou cansada de tanto andar.
O céu escureceu a chuva caiu
A lagartixa se encolheu num tronco
Já estava toda encharcada
A noite chegou, nem viu.
Com medo ficou pensativa
O frio começava a congelar
Queria sua caminha quente
A chuva só aumentava.
Pensava na sua casinha
Era obrigada a passar a noite ali
Prometeu que tomaria juízo
Nunca mais fugiria sozinha.
TINHA QUE SER A MARGARIDA
Sempre muito arteira
Foi visitar o calango
Janjão
Quando ouviu um trovão
Derrubando a casa
inteira.
A pobre da lagartixa
tremia
Correu em disparada
Estava tão assombrada
Que nem viu o que
acontecia.
Achou que era trovão
Mas de longe viu o
gigante
Era um enorme
elefante.
Ficou por ali tremendo
Se por ele fosse
pisada
Coitada seria
esmagada.
O
SONHO DE MARGARIDA
Num
desses passeios pela floresta
Imaginou
ser um jacaré
Pensou
se comesse muito iria crescer
E
todos teriam que lhe obedecer.
Convencida
saiu cantarolando
Encontrou
a formiga e foi falando
Amedrontada
a bichinha saiu correndo
Nem
terminou a folha que estava comendo.
Esmeralda
não se conformava
Queria
mesmo ficar enorme
Seria
como um jacaré valente
Confiante
seguiu contente.
Coitada,
mais uma vez se deu mal
Todos
os bichos gargalhavam
Estava
sozinha e abandonada
Num
descuido perdeu metade da cauda.
Agora
era uma lagartixa cotó
Seu
sonho não poderia realizar
Voltou
cabisbaixa para casa
E
pensou- Um dia terei asa.
Aí
poderei sair voando
Já
sei! - Serei um dinossauro
E
todos terão que me respeitar
Coitada,
a lagartixa só sabia sonhar.
MAIS UM DOS SONHOS DA
MARGARIDA
Sonhava ter asas e
poder voar
Num tronco resolveu
subir
Nem viu a formiga por
ali
Passou sem mesmo
avisar.
Recebeu uma bela
ferroada
Gritou a lagartixa
apavorada
Ai que dor danada
Sua formiga malvada...
Eu só queria aprender a
voar
Ir quem sabe de
encontro à Lua
Do alto olhar a rua
E ver meu amor
passar...
Não precisava me
ferroar
Olha o que me aconteceu
O meu dedinho cresceu
E a dor é de matar...
A formiga resmungona
Oras, deixe de ser
chorona
Da próxima vez com
certeza
Vai
ter mais delicadeza...
AS
MANIAS BOBAS DE MARGARIDA
Esmeralda
encafifou nas suas ideias
Que
queria ser um enorme jacaré
Ter a
força de um trovão
E
veloz feito um furacão.
Querendo
ser por todas temida
Foi ao
dentista alongou os dentes
Que
nem cabia dentro da boca
Todos
a chamavam de louca.
Ficou
mesmo muito engraçada
De
boca fechada os dentes apareciam
Ficou
parecendo um serrote
Esmeralda
estava sem sorte.
Desanimada
resolveu morar sozinha
Ficou
tão feia nem olhava no espelho
Com
esses dentões de navalha
Parecia
mais um espantalho.
Um
dia, a fada apareceu
Vendo
a tristeza da lagartixa
Foi
saber o que aconteceu,
Ouviu
tudo sentiu pena
Resolveu
ajuda
Mas
antes lhe disse
Aprenda
a ser como Deus lhe fez
Quem
quer tudo nada tem.
E
assim jogou seu pozinho magico e a lagartixa voltou a ser como era
Aprendeu
uma lição e viveria feliz para sempre.
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