Era uma vez, existia um reino todo encantado, os bichos
viviam em harmonia. O Sol pintava as flores com cores alaranjadas.
Toda de manhãzinha, os passarinhos assumiam as tarefas de
despertar todos que ainda cochilavam.
Tudo era tão perfeito, a brisa soprava aromas de
hortelã, , perfumando e acariciando o
dia.
As abelhas faziam doces de mel, as formigas cortavam as
mais delicadas saladas, no riachinho não corria água e sim chocolates.
Juca, um garoto muito esperto, adorava aquele reino, todas
as manhãs, subia nos galhos de um nobre carvalho, de lá olhava a paisagem. O
trem que apitava subindo a serra, imaginava ser um indiozinho, vivendo para
sempre naquele reino.
Se pudesse, criaria um mundo apenas de sonhos e magia. Com
esses pensamentos voava de volta para casa, hora de ir para a escola.
A tardezinha, retornava para o carvalho seu esconderijo
secreto, hora de acompanhar a viagem do Sol, a chegada da Lua e o brilho das
primeiras estrelas. Juca tinha muitos amigos invisíveis, com eles brincava,
conversava e até discutiam.
Aquela tarde, Juca cochilou, quando ouviu a voz do seu
amigo passarinho que cantava:
-Hora de levantar-se
Acorda dorminhoco
Cantava bem baixinho
Com aquele som rouco.
O pai ao perceber a paixão do filho por aquele lugar,
resolveu armar um balanço no galho mais alto.
Juca não se continha de felicidades, sentado no balanço ele
voava tão alto, mas tão alto que ia além dos galhos. Sua visão alcançava até o
jardim bem cuidado pelas mãos da sua avó. Ele queria ver lugares bem mais
distantes. Largou o balanço, foi escalando os galhos mais altos, onde apenas os
passarinhos eram capazes de chegar. Juca queria ver o colorido das flores, as
águas encrespando o rio, a estradinha em direção ao vilarejo.
Certo dia, Juca ficou no seu reino encantado mais que o
correto, a tarde escureceu, a noite estava nublada, a Lua se escondeu, o vento
soprava tão forte fazendo com que os galhos se agitassem, os passarinhos se
encolhiam em seus ninhos, o pavor tomava conta, Juca estava com medo de descer,
o coração batia acelerado, parecia um tambor descompassado, sombras gigantes
assombrando. Mas veloz que o vento passava o trem enfrentando vales e campinas,
ao subir a colina o apito- piuuui.... piuui...piuui...
A natureza sorria cheia de truques, a ventania viajou no
tempo, Juca ficou calmo, poderia descer com segurança e correndo como uma lebre
chegou em casa são e salvo.
Irá Rodrigues
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