terça-feira, 9 de maio de 2023

A REVOLTA DO TIMTIM

 

O gato chegou correndo

Invadiu logo a cidade

Nem parava para ouvir

Saia em velocidade

Queria ouvir do cão

Toda a sua verdade.

 X

Numa rua sem saída

Encontrou um garoto

Perguntou se viu o cão

Um safado sem destino

O menino só lhe disse:

Sou filho de nordestino.

X

Esse cão aqui não vi

Só conheço o do pastor

Ele é o nosso vizinho

Conhecido por doutor

Que fala todo orgulhoso

Do seu cão labrador.

X

Menino me leva lá

Pela sua descrição

Esse é o cão que procuro

Comeu toda minha ração

Me deixando faminto

E partiu sem direção.

 X

Posso até ser um gato

Mas também sou valente

Ele não me faz de besta

Vamos seguir em frente

Antes que ele fuja

E a minha raiva aumente.

 X

Ao chegar na esquina

Bem ao lado da estação

É aquela casa amarela

Siga nessa direção

Se o cão não é o seu

Vai ser uma confusão.

 X

Logo a rua se encheu

De todo lado vinha gato

Vendo a fúria do estranho

Por ali não ficou um rato

Era um corre, corre

Se escondendo no mato.

 X

O gato estava furioso

Sem mesmo ter permissão

Ao avistar o safado

Deitado no seu vidão

Nem pensou duas vezes

E logo pulou o portão.

 X

O safado nem notou

O gato não andava

Com seus pulos ligeiros

Parecia que ele voava

O susto foi tão grande

O cão nem esperava.

 X

Ao ver a raiva do gato

Feito um monstro voador

O cão pulou a janela

Tremia de tanto medo

Embaixo da cama se enfiou

Fugindo daquele pavor.

 X

O gato gritava safado

Vem aqui vou te pegar

Nas minhas garras afiadas

Ensino a não roubar

Se quer uma boa ração

Vai então trabalhar.

 X

O dono do cão apareceu

E o gato gritou bravo

Não venha me tapear

E se fazer de conchavo

Traga esse cão malandro

Pra reparar o agravo.

 X

Chamem logo a polícia

Esse gato enlouqueceu

Acusar o meu cachorro

Mas o que aconteceu?

Onde está meu amigo

Por aqui não apareceu.

 X

O gato se enfurecia

O homem veio armado

Gritou o gato sisudo

Seu cão é um malvado

Não vai ser covarde

Matar um gato desarmado.

 X

A rua estava lotada

Logo chegou o carteiro

Crianças e adultos

E até o açougueiro

Gritavam pra aquele homem

Tragam lá o trapaceiro.

Nisso o cão só tremia

Já virava gozação

Um homem que era valente

Perdendo até a noção

Discutindo com um gato

Isso virou humilhação.

X

 Entrega logo o cão

E juro eu vou embora

Ou daqui eu não saio

Disso fiquem de fora

Quero falar com ele

E tem que ser agora.

A polícia chegou gritando

Mande o cão aparecer

Se ele nada deve

Tudo vai se resolver

E se for o culpado

Acredite vamos prender.

 X

Uma multidão se formava

De todo canto veio gente

Saia até uma prosa

Um dueto e um repente

Quando o homem Chegou

Com o cão a sua frente.

X

O gato se arrepiou

 Montou no lombo do cão

Agora é eu e você

Não vai ter compaixão

Ou devolve o que pegou

Ou acaba num caixão.

X

Era bicho de todo canto

Veio até o macaco Tião

Pulando e gritando

Arranca o coro desse cão

Outro die me atacou

E não teve compaixão.

X


O pobre do cão rosnava

Sem saber se defender

De tremedeira desmaiou

E foram lhe socorrer

O gato não acreditava

Que o cão iria morrer.

 X

E quando deu um deslize

O cão saiu em disparada

O gato arrancou da cintura

Sua velha espingarda

O tiro nem saiu

Só uma bomba molhada.

 X

Até hoje o gato procura

Aquele cão safado

E no dia que encontrar

 Deixaria esquartejado

Ladrão nenhum nessa vida

Lhe faria de abestado.

Autora- Irá Rodrigues

 

 

 

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