quarta-feira, 11 de julho de 2018

HISTÓRIA DE DOIS JUMENTOS




Seu Juca era um homem tão sovina, tudo que plantava e criava no seu sitio levava para vender na cidade, nem uma fruta ele deixava que pegassem, era considerado por todos de avarento e mão de vaca.
No dia da feira, ele colocava uma carga tão pesada no pobre jumento velho, montava no outro mais novo e ainda levava galinhas penduradas dos lados da cela e uma cesta de ovos nos braços.
O coitado do jumento mais velho devido ao peso da carga andava cansado quase parando.
Seu Juca sem piedade seguia pela estradinha surrando o pobre  e ainda esporava o outro que montava.
- Vamos seus molengas ou chegaremos quando a feira estiver terminando. Não lhes falta capim verdinho e nem água fresca parem de lerdeza. Vamos! Exclamava Juca batendo o pobre com uma vara.
Os pobres dos jumentos não conseguiam mais andar e seguiam arrastando os pés para desespero do dono.
- Ou andam mais rápido ou venderei os dois para serem espancados por outro mercador.
- Castigo  pior que esse não existe, resmungou o jumento velho relinchando.
Os dois seguiam de cabeça baixa olhavam como se combinassem a dar uma lição naquele homem sem coração.
Enquanto isso Juca decidido a não se atrasar voltou a surrar o jumento velho  com mais força sem ao menos entender que era também um ser vivo que sentia dor.
Quando estavam se aproximando da cidade a surpresa desagradável para desespero de Juca. Devido às chuvas que caiu na noite passada a ponte  de madeira havia sido arrancada pela correnteza, o riachinho transbordou e sem ponte teriam que se arriscar a atravessar.
Seu Juca pensou, pensou. - Já sei! Passo na frente e puxo esse jumento velho imprestável. E assim o fez.
O jumento que ele montava refugou, não queria entrar naquela água fria, estava tremendo  com medo de ser arrastado pela correnteza. Seu Juca  batia, esporava tanto o pobre que não teve outra opção. – Entrou na água sendo seguido pelo jumento velho que era arrastado pelo cabresto.
Cansados de serem espancados até dentro dá água, num determinado ponto em que a água estava com mais força e com medo de ser arrastado o jumento  mais novo começou a dar saltos jogou seu Juca na água, a cesta  foi pelo ar espalhando ovos que desciam rebolando na correnteza. As galinhas gritando amedrontadas lá se foram levadas pelas águas.
O jumento se sentindo  livre do peso correu para socorrer seu amigo enquanto Juca esbravejava subindo e descendo na correnteza.
Com os dentes soltou a carga que se espalhou pelas águas. Enquanto isso:
- Socorro! Socorro! Venham aqui seus malditos, preciso sair daqui e juro matar os dois de tanto apanhar, ainda vão ficar amarrados sem comer e sem beber. Aproveitem e bebam bem água. Gritou sendo levado pelas águas.
Os dois jumentos já estavam saindo da água quando, olharam para seu dono subindo e descendo na correnteza.
Pensaram:
Assim nadaram até o dono que se agarrou nas crinas do  mais velho e deixou-se ser levado até a margem onde caiu sem força. Mal respirava de tanto que bebeu agua e se esforçou para se salvar.
O jumento mais novo saiu correndo  relinchando e foi até a rua onde pediu socorro.
Seu Juca   sem força desmaiou e foi levado ao posto médico e graças a bondade dos dois jumentos foi salvo.
No dia seguinte já se sentia bem e foi dado alta, ao sair do posto para a sua surpresa lá estava os dois  a sua espera.
Seu Juca sentiu as pernas tremerem as lágrimas escorrendo pelo rosto que até
aquele momento era duro feito rocha.
Abraçando os dois jumentos ele disse  em voz alta. Perdoe-me por ter sido tão burro e nunca ter entendido que mesmo animal os dois tem muito mais sentimento que muitos humanos assim como eu  e sentem dor tanto quanto qualquer ser humano..
os dois jumentos relinchavam como se dissessem que estavam felizes por ver que o seu dono mesmo sem coração estava vivo.
Juntos voltaram felizes para casa, Juca prometeu que a partir daquele momento daria uma vida melhor aos seus amigos, assim viveram uma nova vida, Juca agora era um vizinho admirado por toda a vizinhança pela bondade e gentileza.
Os dois jumentos  passaram a ser tratados com tanto carinho que agora só saiam para fazerem bons passeios.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

AS PIPAS