Seu Juca era um homem tão sovina, tudo que plantava
e criava no seu sitio levava para vender na cidade, nem uma fruta ele deixava
que pegassem, era considerado por todos de avarento e mão de vaca.
No dia da feira, ele colocava uma carga tão pesada
no pobre jumento velho, montava no outro mais novo e ainda levava galinhas
penduradas dos lados da cela e uma cesta de ovos nos braços.
O coitado do jumento mais velho devido ao peso da
carga andava cansado quase parando.
Seu Juca sem piedade seguia pela estradinha
surrando o pobre e ainda esporava o outro que montava.
- Vamos seus molengas ou chegaremos quando a feira
estiver terminando. Não lhes falta capim verdinho e nem água fresca parem de
lerdeza. Vamos! Exclamava Juca batendo o pobre com uma vara.
Os pobres dos jumentos não conseguiam mais andar e
seguiam arrastando os pés para desespero do dono.
- Ou andam mais rápido ou venderei os dois para
serem espancados por outro mercador.
- Castigo pior que esse não existe, resmungou
o jumento velho relinchando.
Os dois seguiam de cabeça baixa olhavam como se
combinassem a dar uma lição naquele homem sem coração.
Enquanto isso Juca decidido a não se atrasar voltou
a surrar o jumento velho com mais força sem ao menos entender que era
também um ser vivo que sentia dor.
Quando estavam se aproximando da cidade a surpresa
desagradável para desespero de Juca. Devido às chuvas que caiu na noite passada
a ponte de madeira havia sido arrancada pela correnteza, o riachinho
transbordou e sem ponte teriam que se arriscar a atravessar.
Seu Juca pensou, pensou. - Já sei! Passo na frente
e puxo esse jumento velho imprestável. E assim o fez.
O jumento que ele montava refugou, não queria
entrar naquela água fria, estava tremendo com medo de ser arrastado pela
correnteza. Seu Juca batia, esporava tanto o pobre que não teve outra
opção. – Entrou na água sendo seguido pelo jumento velho que era arrastado pelo
cabresto.
Cansados de serem espancados até dentro dá água,
num determinado ponto em que a água estava com mais força e com medo de ser
arrastado o jumento mais novo começou a dar saltos jogou seu Juca na
água, a cesta foi pelo ar espalhando
ovos que desciam rebolando na correnteza. As galinhas gritando amedrontadas lá
se foram levadas pelas águas.
O jumento se sentindo livre do peso correu
para socorrer seu amigo enquanto Juca esbravejava subindo e descendo na
correnteza.
Com os dentes soltou a carga que se espalhou pelas
águas. Enquanto isso:
- Socorro! Socorro! Venham aqui seus malditos,
preciso sair daqui e juro matar os dois de tanto apanhar, ainda vão ficar amarrados
sem comer e sem beber. Aproveitem e bebam bem água. Gritou sendo levado pelas
águas.
Os dois jumentos já estavam saindo da água quando,
olharam para seu dono subindo e descendo na correnteza.
Pensaram:
Assim nadaram até o dono que se agarrou nas crinas
do mais velho e deixou-se ser levado até a margem onde caiu sem força.
Mal respirava de tanto que bebeu agua e se esforçou para se salvar.
O jumento mais novo saiu correndo relinchando
e foi até a rua onde pediu socorro.
Seu Juca sem força desmaiou e foi
levado ao posto médico e graças a bondade dos dois jumentos foi salvo.
No dia seguinte já se sentia bem e foi dado alta,
ao sair do posto para a sua surpresa lá estava os dois a sua espera.
Seu Juca sentiu as pernas tremerem as lágrimas
escorrendo pelo rosto que até
aquele momento era duro feito rocha.
Abraçando os dois jumentos ele disse em voz
alta. Perdoe-me por ter sido tão burro e nunca ter entendido que mesmo animal
os dois tem muito mais sentimento que muitos humanos assim como eu e sentem
dor tanto quanto qualquer ser humano..
os dois jumentos relinchavam como se dissessem que
estavam felizes por ver que o seu dono mesmo sem coração estava vivo.
Juntos voltaram felizes para casa, Juca prometeu
que a partir daquele momento daria uma vida melhor aos seus amigos, assim
viveram uma nova vida, Juca agora era um vizinho admirado por toda a vizinhança
pela bondade e gentileza.
Os dois jumentos passaram a ser tratados com
tanto carinho que agora só saiam para fazerem bons passeios.
Autoria- Irá Rodrigues
http://iraazevedo.blogspot.com.br/
Diretora Internacional da divisão de Literatura
Infanto-juvenil
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