Pendurada em galhos escritos em folhas com tintas
extraídas do arco-íris que cedia baldinhos das mais lindas e florescentes
cores: o amarelo derramava pingos de sol, o verde se camuflava com as folhas, o
azul como pedacinhos de céu e gotinhas de chuva o branco da cor das nuvens em
dia de verão.
Os passarinhos numa euforia total molhavam os bicos
e escreviam seus versos encantando a natureza que lia e se declarava apaixonada
pelos passarinhos poéticos.
Em meio aquela preparação animada chega um aviso
trazido pelo gavião que chegava apressado com o bico aberto de tão cansado. Era
uma ordem do chefe da floresta e ai de quem o desobedecesse. O aviso dizia
assim:
“Ninguém deverá sair pela floresta, pois corre um
boato de galho em galho de que uma ave de rapina muito misteriosa que voava
pelas sombras atacando passarinhos indefesos e outros animaizinhos pequenos.”
A andorinha atrevida e inconformada resmunga:
- Que coisa mais chata. Agora eu que nasci livre
tenho que ficar presa e nem da festa de poesia podemos participar nas outras
árvores. Isso não é certo.
- Se acalme- disse o sabiá. Isso passa logo um
caçador vai encontrar e dar um bom sumiço nessa pavorosa criatura, se é tão
grande com certeza vai atrair os ambiciosos
por uma boa caça e um bom jantar.
- Eu que não vou ficar presa e quem se atreve a me
seguir vamos! – gritou a andorinha batendo asas pela floresta.
Logo estava de volta tão grande era o mistério que
tomava conta da floresta, nenhum outro passarinho se atrevia a sair dos seus
refúgios. No dia seguinte as árvores estavam lindas todas enfeitadas com as
mais belas poesias, era agora à floresta dos versos.
Mas como visitar outras festas se todos nós estamos
proibidos de arredar os pezinhos e bater as nossas asinhas. - disse a andorinha
chateada.
O gavião que a tudo observava convocou seu grupo e juntos tomaram uma
posição.- Vocês podem passear, mas não voem muito longe nem se afastem do
grupo estaremos do alto observando e qualquer
suspeita nosso bando entra em ação. Essa coisa misteriosa vai se arrepender se
chegar a atacar um só passarinho da nossa floresta encantada.
- Há, há há! Agora viramos prisioneiros da própria floresta, nasci livre e livre
quero continuar indo e voltando de onde eu desejar.
- Não é bem assim “ Senhorita andorinha” isso tudo que
está acontecendo pode ser perigoso precisa ter calma e obedecer as ordens.
- Venham! Não vamos perder tempo, precisamos visitar
as outras festas são muitas poesias para ler e ainda quero brincar antes de
voltar. Disse a andorinha.
Enquanto voavam de árvore em árvore lá no alto
estavam os temidos gaviões de olhos bem abertos observando cada balançar de
folhas, cada sombra que sombra que passasse. A andorinha como sempre se achando
a mais esperta se afastou do grupo desobedecendo às ordens do gavião rei...
Sentindo-se livre a andorinha seguia maravilhada em
cada árvore parava se embebia dos mais lindos versos e seguia leve com as penas
esvoaçando, sem se dar conta do quanto já havia se afastado do grupo resolveu
voltar pelo lado oposto onde corria o rio, ali poucas árvores participavam do
concurso de poesias. De repente sentiu um arrepio nas peninhas da cabeça era
sinal de que algo estaria para acontecer. Uma sombra enorme como se fosse um
guarda sol cobriu a árvore em que ela pousou para descansar, os galhos
estremeceram, outros passarinhos voaram tão velozes pareciam soprados pela
correnteza do vento, o medo era tanto que a andorinha nem conseguia levantar as
peninhas das asas suas perninhas tremiam tanto que se encolheu entre algumas
folhas e ali ficou sem coragem até de respirar.
As horas pareciam encompridar o medo aumentava o
silencio a incomodava nem uma folhinha se balançava até a brisa parou de
soprar. Quando um movimento brusco sobre os galhos deixou a andorinha em
pânico. Nem se lembra de quanto tempo se passou até que se sentiu mais segura,
colocou a cabeça para fora das asas onde estava enfiada e sentiu o vento
assobiando forte. Bem acima de onde estava encolhidinha lá estava a ave
impiedosa era negra com olhos de águia capaz de enxergar até uma formiguinha
que se mexesse a palmos de distância.
A andorinha começou a implorar por todos os poderes
da floresta quando sem perceber estava sendo soprada pelo vento, nem precisava
abri suas asas, só sentia que flutuava acima da copa das árvores, não sabe quanto
tempo se passou só se deu conta quando foi lançada na vegetação rasteira e bem
longe do perigo. Como se despertasse de um sonho ela se sacudiu molhou o bico
numa gota de orvalho que caia de uma folha esticou-se ensaiou alguns passos
para ter certeza que estava pronta para voar, olhou em volta estava perto de
casa já podia sentir o cheiro de família e amigos. Era só voar alguns belos
pedaços da floresta e estaria em segurança. A andorinha se enganou, bateu asas
deu voltas e voltas e parava no mesmo lugar. Estava perdida, cantou seu canto
mais triste e solitário na esperança que ouvissem e corressem para ajuda-la. O
silencio era enorme nenhum outro passarinho aparecia. Será que todos foram
devorados pela misteriosa ave- Pensou...
Arrependida pela sua desobediência começou a desfiar
seus pedidos e promessas. - Senhor da floresta eu sei que errei e não deveria
ter desobedecido afastando assim do grupo, agora estou sozinha em perigo.
Desculpe essa pobre e indefesa andorinha meio sem juízo. Leve- me até a minha
casinha onde estão meus amigos e a minha família. Eu prometo nunca mais ser
desobediente.
Estava para voar até o topo da árvore assim do alto
poderia ver em que direção deveria seguir, quando outro barulho ensurdecedor e
novamente a misteriosa sombra. Encolhida entre folhas e galhos ela viu quando a
monstra passou arrancando folhar em busca de suas presas indefesas.
-Ufa! Essa eu
escapei por pouco ou estaria no papo dessa malvada sem piedade de uma pobre
andorinha. Pensou a andorinha aliviada.
O grito do gavião fez com que ela se animasse com
certeza estava ali pertinho e iria lhe ajudar.
- Quem está ai?- perguntou a andorinha ao ver o
gavião pousado acima da sua cabecinha confusa.
- Sou eu sua pequena desobediente, todos acham que
de você só a alma vagando pela floresta, acreditam que foi parar no papo da ave
misteriosa. E ai está você toda amedrontada com suas penas arrepiadas. Não
deveria ter se aventurado tão longe- Completou o gavião desfiando seu
relatório. Por sorte estava passando quando ouvi algo se mexer entre as folhas.
A andorinha começou a soluçar correu até o gavião
implorando para que a levasse para casa.
- Calma! Agora não precisa pânico o perigo já
passou, a tal misteriosa ave foi abatida por meu bando. Somos ou não somos os
mais temidos da nossa floresta? Gabou-se o gavião estufando o peito e
arregalando os olhos cor de mel que tanto amedrontava os pequenos passarinhos.
Ela agora repousa em nossos papos. Completou passando a ponta das asas no peito
e soltando um arroto em seguida.
- Então vamos. Snif! Vamos rápido a festa deve está animada e ainda preciso declamar
meus versos. Disse a andorinha.
Suba em minhas asas assim chegaremos mais rápido,
todos estão tristes com oi seu sumiço e a festa vai até amanhã.
Olhem! Olhem! Gritavam todos os passarinhos
saltitantes de alegria, é a nossa amiga andorinha chegando com o gavião.
A festa continuava todos felizes em saber que a
andorinha estava de volta. Bem ela precisa nos dá uma boa explicação, disse o
chefe da floresta, mas isso fica para depois da festa a poesia não pode
esperar.
Vamos convoquem todos os artistas à orquestra pode
começar. O macaco sentou-se no piano e começou a desafinar, o gavião preferiu o
violão e logo afinou as cordas tirando os primeiros acordes, o galo das
campinas no saxofone soprava, soprava a voz saia rouca, estava emocionado dizia
ele. Sentindo-se envergonhado jamais convencido, colocou no saco a sua derrota,
saiu cabisbaixo ao encontro das galinhas que ciscavam no terreiro, ali sim ele
era o rei- cantaria no galinheiro e seria aplaudido pelas suas galinhas. Depois
de tantos desatinos o sabiá assumiu a orquestra pode enfim começar a
festa.
Que fique o falatório da floresta, amanhã bem antes
de o sol nascer acordo todos com o meu canto- disse o galo abrindo as asas e batendo
as esporas no chão levantando poeira.
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Autoria- Irá Rodrigues
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