A galinha Zezé
nasceu com suas penas arrepiadas e por isso era criticada e excluída por todas
as outras galinhas até pela mãe e seus irmãos que nasceram todos juntos.
Quando se dirigiam
a ela era dando ordens e se não obedecesse recebia os piores castigos , como
ficar sem comer ou mesmo beber água.
Aquela noite teria
festa no terreiro, ordenaram que Zezé ficasse cuidando dos pintinhos de várias galinhas e deveria cuidar
bem ou seria castigada.
Sem ter opinião, a
galinha arrepiada ficou sozinha enquanto os pintinhos já alimentados dormiam,
curiosa para olhar o que se passava na festa ela foi escondida e ficou
encantada com toda aquela animação, perdeu a hora ficou ali a sonhar que estava
bailando pelo salão e nem percebeu que a festa acabou, quando ouviu um grito
voltou correndo encontrou as outras galinhas
furiosas, alguns pintinhos desapareceram e não teve escolha se não cair
nas asas de todos e assim avançarem
sobre ela arrancando as suas
penas até que a pobre da Zezé ficou totalmente pelada sem uma peninha esquecida
em seu corpo.
Chorando
envergonhada Zezé saiu em disparada noite a dentro sem saber em qual direção seguir com medo de
cair bem na toca da raposa que andava
rondando a região, amedrontando e
atacando os galinheiros em busca de
galinha gorda para fazer uma canja.
Desnorteada Zezé
tropeçava sem enxergar direito o caminho devido as lágrimas que escorriam dos
seus olhos. De repente o céu escureceu, a chuva começou a respingar, a pobre
toda depenada e tremendo de frio entrou no primeiro abrigo que encontrou, não
importava se era a toca da raposa, só queria proteção e assim encolheu-se num
cantinho sem temer o perigo e por ali ficou dias e dias morrendo de frio e a
chuva não parava, emendava dias e noites sem que ela tivesse noção do tempo.
Zezé não sabia
contar quanto tempo estava ali se
alimentando de pequenos insetos e bebendo as gotas da chuva que caia do teto da
caverna. Durante o dia aparecia um fiozinho de sol e a noite ela ficava
congelada pelo frio trazido pelo vento que assobiava lá fora. Triste lembrava
do seu cantinho quente do galinheiro, da boa alimentação todas as manhãs, do
resto do dia feliz ciscando ao redor do terreiro. Estava ficando fraca e com
medo, as suas penas não nasciam parece que o frio impedia que elas crescessem.
Aquela noite Zezé
dormiu com tanto frio, não sabe quanto tempo
ficou adormecida se horas ou dias, quando despertou viu a raposa
entrando, estremeceu, encolhida num cantinho tremia e não respirava nem fechava
a boca com medo que o bico se tocasse e chamasse a atenção da raposa que
passava mexendo o nariz para aguçar o seu faro.
-Estou sentindo
cheiro de galinha, Zezé estava contando os minutos para que a raposa atacasse e
quando ela passou para o fundo da caverna Zezé
teve uma ideia, pena eu não tenho irei mergulhar naquela lama escura que
se formou com os pingos da chuva que caia, assim nem pensou duas vezes
mergulhou saindo toda enlameada ficando de fora apenas os olhos e o bico, ficou
quieta, a raposa voltou farejando e dizendo que ali tinha carne fresca s das
boas. Imóvel a galinha nem respirava. A chuva lá fora voltou a cair escurecendo
a caverna, a galinha ficava implorando para que a chuva parasse e a raposa
pudesse ir embora, mas a chuva ficava cada vez mais forte e a raposa ficou
andando sempre farejando o seu jantar.
O dia amanheceu-
Dessa vez me enganei- Disse a raposa,- Aqui não tem carne, melhor é sair antes
que morcegos gigantes venha atacar essa pobre raposa, Concluiu saindo da
caverna.
Na porta ela
parou, olhou em volta, a chuva havia parado o sol já abria os olhos, resolveu
voltar até o lago para beber água, se não teve jantar com certeza teria um belo
e saboroso almoço, - Pensou decidida a ir em busca da melhor galinha.
O medo foi tanto
que a galinha desmaiou e quando despertou sentiu calor, achou estranho abriu os olhos,
lá estava o sol refletindo e iluminando a caverna, Zezé tentou se levantar
sentiu as pernas pesadas, arregalou os olhos diante do que viu, estava
totalmente coberta das mais lindas penas de uma cor preta azulada, pareciam penas
de veludo de tão macias e brilhantes.
Saltitando Zezé
batia asas saltitava, agora não era mais a galinha feia e arrepiada que servia
de gozação para todos no terreiro, mais feliz ainda não era mais a galinha
pelada que foi depenada sem piedade.
Querendo se olhar
melhor, correu até os fundos da caverna onde tinha um lago, as águas pareciam
espelho, Zezé olhou-se, admirou-se encantou-se com o que viu, até a sua crista
estava mais vermelha, Estava linda e diferente, pensou satisfeita,
Decidida resolveu
voltar para o lugar onde viveu a sua vida inteira, dessa vez tinha certeza que
seria respeitada e nunca mais seria humilhada por ter nascido diferente.
E assim saiu
exibindo o seu novo visual, por onde passava era aquele espichar de olhos, mas
ela não parava e seguia decidida a chegar logo para ver como seria recebida por
todos que a humilharam e a depenaram sem piedade.
Foi se aproximando
do terreiro os olhos de todas as galinhas se esbugalhavam admirando a formosura
daquela estranha e corriam de olhos e bicos abertos espantadas de admiração.
Zezé imponente
desfilava exibindo a sua linda plumagem e seu penacho de dar inveja. Não que
desejasse ser superior mas precisava dar uma lição aos
preconceituosos.
No galinheiro foi
aquela euforia, todos querendo oferecer o melhor lugar para ela dormir, o galo
que antes nem chegava perto chamando-a de arrepiada agora era todo galante e educado sem saber
que por fora era uma galinha diferente, mas por dentro continuava a mesma que
foi maltratada por todos.
Um dia falarei de
tudo assim daria uma bela lição de que a diferença deve ser respeitada e que o
preconceito é crime e que todas as galinhas independente do seu jeito merece respeito.