sábado, 4 de junho de 2016

CONTOS











Folia da bicharada

Era  uma vez uma confusão numa floresta mais ou menos encantada, árvores que dormiam numa preguiça infinita que nem uma folha se balançava.
Nesses dias em que se inicia o inverno era tanto silêncio que nem se ouvia o canto de um atrevido passarinho, nem o voar de um inseto, de tão frio o dia acordava e  todos os moradores  só sabiam implorar ao sol para aparecer pelo menos um fiozinho de nada. E quando um rastinho iluminado penetrava as folhagens pendidas pelas gotas serenadas que caíra durante a noite, lá estavam todos se refastelando das horinhas quentes uns se espichando ao solo, outros de asas abertas se empoleiravam nas cerquinhas, até os macaquinhos se enfileiravam para se aquecerem do frio. As borboletas se achando o encanto da natureza ficavam esvoaçando bicando o sereno das flores. Mas logo escurecia a chuva miudinha  caía, todos os bichos sumiam escondidos em suas casinhas quentes e assim o dia se arrastava preguiçoso.
Num desses dias em que o sol não deu as caras o majestoso carvalho árvore poderosa e respeitada de toda a floresta  resolveu escrever cartinhas e foi rabiscando de tudo que ia lembrando, eram tantas as lembranças de tarefas a serem distribuídas que a carta ficou comprida quase nem tinha lugar para guardar e pediu que os passarinhos cuidassem de enrolar.
Devido ao frio a agência estava fechada e logo que o tempo melhorou, a chuva se recolheu o sol se fez presente e o Carvalho  cuidou logo de  contratar o vento para que espalhasse por toda a floresta em todos os ninhos em todas as tocas em todas as casinhas e assim nenhum morador ficaria sem receber tal comunicado.
E logo saiu o vento sacolejando pela floresta já sendo iluminada pelo sol, encontrava alguns bichos sonolentos jogava a cartinha e seguia viagem, de entrega a entrega foi cruzando as estradas, vilarejos, rios, riachos, cachoeiras, até que todas as cartinhas foram entregues a seus destinatários ficando o vento cansado de soprar resolveu tirar uma soneca na beira do mar, mas logo despertava e  continuava  a imaginar o que estaria escrito naquelas cartas para serem entregues com tanta urgência que nem tempo teve de chamar a brisa com toda a sua calmaria para ler e poder lhe relatar o segredo do majestoso carvalho.
Do outro lado, a árvore gigante e imponente esperava a resposta de todos. Não deu cinco dias e lá surgia em meio ao nevoeiro de fim de invernada uma jangadinha descendo rio abaixo. Eram seres pequeninos  que se mexiam de um lado a outro que mais pareciam pontinhos florescentes se balançando numa rede.
 Lá pelas tantas  um se desequilibrou e bum! Caiu na água e nessa confusão toda  a jangadinha desapareceu no meio do nevoeiro.
O carvalho estava começando a se cansar. Onde foram todos os bichos daquela floresta? A coisa estava ficando complicada e se não aparecessem logo iria fazer greve e não ofereceria mais sombra para  que  eles se deitassem as tardes enquanto o sol resolvia deixar a floresta iluminada.
Um pouco desanimado estica seus galhos para atender ao telefone, resmungando foi logo gritando sem mesmo ouvir quem estava do outro lado da linha. E sem entender o que falavam desligou e foi falar com o restante da floresta, com o rio que corria se alargando, com a montanha que dormia tranquilamente e as árvores que se espichavam para receber a luz do sol...
Naquela noite ele ficou balançando seus belos galhos, suas folhas exuberantes e desandou a matutar pensativo sobre tudo que estava  fazendo.
- Se a chuva não para, os riachos enchem o frio congela, como posso esperar que todos os bichos  Viessem sair  das suas casas, das suas tocas, dos seus ninhos, dos seus quentinhos agasalhos só porque um velho e soberbo carvalho fica aqui impaciente sentindo falta da movimentação dos passarinhos saltitando em meus galhos, das lebres correndo sobre o tapete das minhas folhas caídas, das abelhas que ficam fazendo zum...zum  despertando-me do meu sono relaxante e até das lagartas quando resolvem subir em meu tronco e picotar minhas belas folhas.
Quando o novo dia acordou, o inverno já estava fraquinho e o sol aparecia saudando a todos e avisando que logo estaria de volta.
Ali havia todos os encantos e fantasias, os passarinhos se falavam, as nuvens dançavam as árvores com suas aventuras entoavam lindas canções embaladas pelo vento.
O  sabiá considerado o mestre da criatividade era o conselheiro  de todos  e com seu canto magistral dava aula a todos os passarinhos, era muita diversão tinha aula animada, tinha lanchinhos apetitosos, preparados pelas andorinhas.
Tinha orquestra bem equipada, o pardal tocava flauta, o rouxinol era violinista, o bem-te-vi tocava tambor e as cigarras faziam o coro...
A noitinha era aquele alvoroço os pais chegavam para pegarem seus filhotes e levarem para casa, precisavam  ter cuidado para não serem atacados pela bruxa malvada da noite, uma coruja velha que vivia atacando filhotinhos indefesos.
E os passarinhos voam daqui, pulam dali e de repente... Zap ....  Um voo rasante passa pertinho deles e foi aquele terror a coruja resolveu atacar, mas a infeliz esbarrou no temido macaco que cuidou de atirar a malvada a milhares de árvores de distância.
A floresta precisava voltar a se movimentar lembrou o velho carvalho relatando a mensagem da sua carta comprida. E  assim todos os moradores se reuniram alguns em seus galhos outros em seu troncos, nas suas raízes e no solo sombreado pelas suas folhas, e todos retornam para suas casas  prontos para cumprirem as ordens do velho e soberano carvalho. E continuarem com suas tarefas que pararam devido ao rigoroso inverno.
E assim, a natureza volta a ser do jeitinho que o carvalho gosta e que, com certeza, a bicharada se encanta ao saber que em algum lugar tem uma criança lendo e rindo das suas aventuras.


 





INÍCIO DAS AULAS.

A raposa como professora da floresta, foi logo avisar que as aulas iriam começar, pois o inverno havia passado, o sol estava de volta e os dias com tanta luz esperava muita folia...
Assim, no dia seguinte antes que o sol surgisse, lá estava ela com seu vestido xadrez, sapato de salto alto uma bolsa cheia de livros e no nariz seu óculo colorido. Em sua companhia estava o gambá que deveria seguir logo para preparar uma apetitosa refeição.
Papai raposão  que era muito severo, antes de sair para o trabalho avisou que levassem seus filhos com segurança, pois andava pela redondeza boatos de que um leão faminto rondava a floresta.
Chegava a hora de ir á escola e lá se foram todos caminhando  através de campos verdes e flores que sorriam com a chegada da primavera. Os passarinhos levavam em suas asas seus livros novos, a pata acompanhada dos seus filhotes segurava um cestinho cheio dos mais saborosos petiscos para  o lanche.
E seguia a turma toda animada, porém na escola só chegaram à raposa, o gambá e a pata. Os passarinhos aventureiros avistaram um belo pomar as frutas pareciam convidá-los e por ali ficaram. A brisa resolveu ir caçar borboletas, a cigarra dizendo-se cantora  ficou na árvore á beira do riacho entoando  sua melodia para saudar a primavera, e os patinhos despareceram na correnteza  fazendo a festa nas águas mornas do riachinho...
Naquela tarde houve a aula de canto e foi muito engraçada, e por isso resolveram suspender e só os passarinhos poderiam participar nenhuma outra ave.
No dia seguinte a galinha d’angola chorava tanto que comoveu o sabiá que pousado na cerca do curral observava aquela cena, e  logo surge o rouxinol por compaixão disse-lhe:
- Não chore, vamos ensiná-la a cantar! Assim não ficará repetindo: Tô  fraca.... tô fraca...., tô fraca....
Depois que ela se acalmou o rouxinol convidou para ir até sua árvore no belo e frondoso carvalho onde morava com sua família e outros amigos.
Assim fez a galinha, com o coração palpitando de emoção foi saltitando, mas continuava seu canto- tô fraca tô fraca tô fraca... Tinha certeza que aquela noite aprenderia a cantar tão lindo quanto o colibri e não seria mais fraca. No concurso todos iriam sentir inveja do seu novo canto.
O rouxinol, o sabiá e o colibri começaram a ensinar a galinha d’angola a cantar, mas não tinha jeito ela era rouca e desafinada só conseguia repetir  tô fraca... tô fraca...tô fraca...
O colibri começou a bocejar e adormeceu.
- Por hoje chega!  Vamos ao conserto amanhã à tarde, venha nos ver cantar quem sabe vai aprendendo a melhorar seu vozeirão desafinado, disse o sabiá cansado de ouvir aquela voz irritante da galinha que saiu cabisbaixa e desanimada.
O dia acordou todo animado era dia de festa e assim é chegada a hora do conserto a orquestra já estava formada a bicharada animada só à galinha num canto desanimada.
O galo no saxofone, o macaco tocando tambor, o sabiá no violão, os outros passarinhos faziam o coro enquanto os vocalistas eram o colibri e o rouxinol.
E todos aplaudiam de pé deixando os dois orgulhosos das suas lindas vozes.
O rouxinol correu para o espelho, queria ver se estava bem em seu traje elegante, ajeitou a gravata alisou as penas, apoiou o chapéu na cabeça, deu um assobio. Reconhecia que estava muito elegante.
As cortinas se abriram a orquestra  começou a tocar o rouxinol abriu o bico e cantou maravilhosamente acompanhado pelo colibri.
- Bravo! Bravo!   Viva!  Gritavam todos entusiasmados. O rouxinol muito vaidoso grita que seu talento era de dar inveja a todos os animais  da floresta.
A festa continuava animada, o sol descia por trás das árvores trazendo as sombras da noite e o sorriso das estrelas.
Um bando de periquitos passou fazendo algazarra, grupinhos de esquilos pulavam pra  lá e pra cá. Havia aquelas que admiravam as flores de alfazema e do alecrim que se encarregavam de perfumar o ambiente eram os lindos beija- flor, abelhas e outros insetos que circulavam entre eles.
O macaco  Janjão  saltitava na copa das árvores para fotografar o lindo por do sol que se exibia entre o rendilhado das folhas.
Os pardais começavam a gritar que corressem com o show, pois logo o sol iria dormir a noite ficaria escura e a lua avisou que não apareceria, pois estava muito cansada de brilhar. O céu já estava todo escuro as estrelas adormeciam dando lugar as nuvens que ameaçavam derramar seus pingos de chuva.
Naquele momento a floresta inteira estava risonha, a chuva chegou trazendo no frescor da noite uma melodia ao receber seus pingos batendo nas folhas.
Mas o show chegou ao fim, os passarinhos se retiraram e todos os outros bichos foram para suas casas. A galinha entristecida, pois não fora notada pelos passarinhos e cansada com medo de se perder ficou encolhida por ali.



 





O PASSARINHO  SOLITÁRIO


Quando o sol enfraquecia a sombra caia cobrindo a floresta com o negro da noite o passarinho solitário chegava para repousar nos galhos do majestoso carvalho ali ele sabia que teria proteção. O carvalho por sua vez ficava feliz mesmo não demonstrando com sua cara carrancuda, mas gostava de ter ali todas as noites o canto solitário daquele pobre passarinho.
Os dois já eram amigos, o carvalho adorava saber  como era o mundo além dos limites da sua visão que ali enraizada não poderia sair.
E o passarinho começava a relatar as suas andanças daquele dia enquanto o carvalho cochilava encantado.
- Ah, meu bondoso carvalho, hoje bati minhas asinhas e fui bem longe, passei em lugares com tapetes de flores pelo chão e  rios correndo com tanta fúria que fazia medo. Passei por moleques com gaiolas prontos para aprisionar os indefesos passarinhos assim como eu, mas agora preciso dormir meus olhinhos já estão se fechando. Bocejou e caiu no sono abraçado pelas folhas do carvalho.
Quando o sol já ia nascendo o passarinho cantou a sua melodia solitária  que enchia de encanto o coração do carvalho e lá se foi ele para o seu dia a dia, batendo as asas coloridas e brincando com as borboletas que por ali esvoaçavam.
Passaram dias e o passarinho não aparecia o carvalho implorava para que todos se movimentassem e encontrassem o seu amiguinho solitário, mas ninguém o conhecia e nem sabia por onde procurar.
Passado luas e luas ele voltou muito tristinho e assustado, o carvalho aflito queria saber de tudo e por onde andastes esse tempo todo, mas o pobrezinho só fazia tremer.
- Amigo passarinho, que foi que te aconteceu? Por que estás assim assustado e triste? Assim fico triste também e senti muito a sua falta.
Depois de muito esperar o passarinho começou a falar:
- Eu vi passarinhos presos em gaiolas, sem poder sair de lá... Sem poderem ver a beleza do mundo, sem poderem voar alegremente como eu... Ai meu amigo fiquei apavorado e queria ajudar a livrar todos daquela prisão. Fiquei com tanto medo que voei para bem longe, não tive coragem de me aproximar... Ai que tristeza... Quanta maldade mora no coração do homem.
A noite se passou e logo o dia raiou o sol parecia dizer que corresse e fosse salvar seus amigos e nem bem o carvalho acordou lá  se foi ele bater asas em direção às gaiolas que havia visto no dia anterior.
Era muito longe uma terra distante lá do outro lado das montanhas e quando o sol enfraquecia a sombra cobria a floresta com o negro da noite acendiam vaga-lumes em bando vestindo seus trajes luminosos e lanterninhas acesas faziam a festa, ali tudo era diferente o céu ficava apagado diante de tantas luzes acesas melhor procurar agasalho e esperar outra vez o sol chegar assim poderia encontrar seus amigos  e foi dormir numa árvore na beira de um riacho onde sapos coaxavam rãs se agasalhavam em troncos caídos , cobras e lagartos se recolhem assim poderia dormir sem medo de ser devorado por uma esfomeada.
O medo começa a tomar conta quando corujas, morcegos e outros predadores aparecem em busca de presa fácil para se alimentarem. Mas a noite passou apressada e logo o sol acordou, o passarinho se sacudiu e partiu  de longe avistou que colocavam as gaiolas do lado de fora. Ficou a espreita a fome fazia barulho em seu papo, mas não sairia dali ate que salvasse seus amigos.
Ao ver a presença do pobre passarinho solitário todos os que se encontravam presos começaram a falar:
- De onde surgiu esse infeliz tão feio assim, saia daqui ou chamaremos o gato para te devorar.
- Calma meus amigos eu vim de longe para salvar vou abri as portinhas e podem voar para bem longe comigo onde possam viver livres e felizes- disse o passarinho todo contente.
- Sai logo daqui não queremos a sua liberdade, desapareça.
O pássaro decepcionado voou para longe, a noite foi repousar no galho do amigo carvalho e lhe contou da conversa que tivera com os ingratos passarinhos prisioneiros e o quanto estava triste com o que ouvira.
O carvalho,  do alto de sua sabedoria de centenas  de anos a olhar e cuidar de todos ali da floresta  disse:
- Amigo passarinho solitário não fique assim entristecido, há os que gostam da liberdade, de fazer e dizer o que pensam, e há os que preferem ficar presos por preguiça e comodismo. Deus fez os passarinhos livres para viverem e voar até onde suas asas alcançarem, mas os homens que aprisionam os animais são eles mesmos prisioneiros  da felicidade, da paz e da liberdade.



 

 

4º CAPÍTULO

A RAPOSA E O SABIÁ

Numa inesperada manhã as  inesperáveis amigas a raposa  e a coruja saíram para passearem.  A raposa  Pimpolhona   uma refinada  dama da nobreza como ela se achava  garbosa  que a todos conquistavam com seu charme e elegância se exibia achando-se uma nobre  por ter os pelos dourados  como o por do sol  e os olhos  cor de mel.
A  coruja com seus olhos esbugalhados dizendo-se ser o símbolo   da sabedoria e da solidariedade, não passava de um malandra aventureira.
Numa tarde enquanto passeavam nas pastagens verdejantes foram surpreendidos com uma portinha aberta, a  coruja num impulso saltou para dentro abocanhou um filhotinho da andorinha Zizi.
A mamãe andorinha chegava trazendo insetos para alimentar seus filhotinhos, encontrou apenas um que encolhidinho chorava tremendo de medo. A andorinha largou o inseto e partiu feito uma fera pronta para atacar a coruja que fugia com seu filhotinho no bico.
Com um voo alucinado avançou  sobre a coruja maldosa que largando o bichinho correu gritando e se enfiou em seu buraco. Um colibri  solitário ouvindo o suave gemido da avezinha correu para ajudá-la, logo a mamãe andorinha pousava ao seu lado mas nada poderia fazer o bichinho olhou para sua mamãe abriu o bico e morreu.
A mamãe andorinha chorava a perda do seu filhotinho. A raposa Pimpolhona  que corria para encontra-la chegou cansada e sem folego caiu o seu lado, só minutos depois respirou fundo e disse:
- Eu era amiga daquela coruja, mas não aceito a maldade que fez a esse pobrezinho, ela sabe  o que mais tem nessa região são  bichos para ela matar a fome, mas a maldade dela eu não vou perdoar.
E assim  a raposa  e a andorinha  tornaram-se  amigos. Já refeitos e sem mais nada para fazer ali, enterraram o bichinho e foram cuidar do outro que com certeza estava sozinho e  chorando de medo.
Os dias passavam os três não se separavam os passarinhos voavam e a raposa corria assim se tornavam uma família. Muitos achavam engraçados e até criticavam nunca ouviram falar dessa amizade entre uma raposa e um passarinho, mas era mesmo uma grande amizade.
O domingo acordou com um sol lindo os três saíram pela floresta, a  raposa levava o filhotinho de passarinho em seus pelos fofinhos,  mamãe voava tão baixinho que chegava a ficar rente a sua nova amiga  assim não deixava seu filhote longe da sua proteção. Chegando numa clareira muitas lebres vendiam balões coloridos.
Cuidaram logo de comprar um vermelho  e amarraram  na patinha do passarinho, a brisa deu um assobio e fez o balão subir, subir e lá se foi o passarinho feliz pela nova aventura. A andorinha ao ver o filho naquela altura bateu asas e subiu para salvar o seu pequenino filhote que ria alegremente batendo as asinhas.
O balão continuava a subir e quanto mais à brisa atrevida soprava para longe  ele era levado. A raposa corria por terra, mas não conseguia acompanhar as estripulias da brisa. De repente bum! O balão foi espetado por um graveto e estourou largando o passarinho preso nos galhos pelo cordão que o prendia ao balão, lutando para se soltar começou a sentir medo  e chorava.  Mamãe finalmente conseguiu chegar e com seu bico soltou sua perninha que ficou machucada.
Piu... piu, gemia o filhotinho, a raposa que já estava lá embaixo aguardava a  andorinha  que desceu com cuidado  e colou o filhote nas costas da amiga  e correram até o posto médico da floresta. O passarinho não parava de gemer, o médico o Dr. macaco cuidou do pequenino e liberou pra que fosse cuidado em sua casa.
Começava a escurecer, os três estavam  aflitos temendo um novo ataque da coruja, a casa ficava do outro lado da montanha melhor pernoitarem por ali assim com a luz do sol iluminando a floresta seguiriam viagem e assim o fizeram.
O macaco acomodou todos, depois lhes serviu um saboroso jantar uma deliciosa salada de milho alpiste, sementes fresquinhas  uma carne suculenta de ratos gordinhos para a raposa que comia e se lambuzava  e bananas  saborosa refeição  para o seu paladar, assim depois de se banquetearam foram dormir. Na manhã bem cedinho bem antes do galo das montanhas cantar  os três partiram em caminhada. No caminho o passarinho se escondeu nos pelos da  raposa  e se divertia com os peixinhos que saltitavam nas águas azuis do riachinho.
Logo chegaram a um jardim florido onde as flores se vestiam com suas belas roupas de festa, a rosa com sua serenidade se admirava com a forma espevitada  do cravo que não parava quieto só querendo se balançar assanhando suas pétalas, uma lebre distraída  serviu para o banquete da raposa   enquanto o sabiá colhia as lagartinhas para  alimentar o filhote que preguiçosamente dormia entre as orelhas da raposa. A refeição saborosa e o cansaço fez com que todos deitassem as sombras de um lindo pé de jasmim e adormeceram.
Despertaram  se espreguiçaram e bem antes que o sol se fosse partiram. A raposa  prometeu que aquela noite ofereceria um jantar aos seus novos amiguinhos.
O sabiá já sentia água no bico, o filhotinho saltitava ao ver a  raposa separando sementes, descascando milho e colhendo cenouras para fazer o jantar. O cheiro estava bom e logo o jantar foi servido.
Para o sabiá e o filhotinho uma bela salada com vários tipos de sementes, lagartinhas e besouros fresquinhos, folhas de alface verdinha colhida bem ali ao lado da sua toca. Para seu paladar uma deliciosa sopa de tartaruga pescada no lago que dormia parado nos fundos da sua casa.
Foi uma bela noite cheia de alegrias e das tragédias  não mais se falaram, de repente o céu escureceu as nuvens começaram a dançar, as estrelinhas pulando avisavam que iriam se recolher, a lua nem apareceu, a chuva logo, logo caia ensopando tudo, enchendo rios, riachinhos e o lago onde patos e marrecos nadavam no sabor da noite. Não tardou o temporal  começou a  cair, as gotas batiam forte como se fossem entrar na casa, o vento começou soprar trazendo arrepios nas penas dos passarinhos que se encolheram em um galho bem ao lado do fogo, a  raposa se encolheu em sua caminha.
E assim minutos depois a chuva cantando lá fora ali dentro os três roncava de tão cansados que estavam...

Depois de uma noite de chuva o sol enxugou  as nuvens, lavou a cara no orvalho bocejou no espelho redondo da lua, só então bem acordado deu corda no relógio da natureza acelerando o despertar do dia.
O passarinho aventureiro sempre que chegava era assim: Bom dia para quem chegou agora. Bom dia a esse raio de sol e vamos viajar na nossa folia gritava se sacudindo cheio de alegria. O galo da serra acorda sonolento boceja tenta cantar mais alto que o rouxinol  mas só consegue um assobio tão baixinho que nem o sol escutou.
O sabiá que até então estava calado pousa na grama engole gotas de orvalho para afinar o bico e começa a sua sinfonia calando todos que quisessem lhe imitar.
Num farfalhar de asas os gafanhotos como batalhão de soldadinhos depois de picotarem as folhas da roseira saem  marchando.
Eram tantos bichos para se admirar, um casal de pardal salta do telhado boceja e começa a reclamar que o sol infiltrou em sua casa despertando antes do sono acabar.
A aranha ainda sonolenta tecia seus fios para logo mais atrair sua presa que com certeza seria a mosquinha que rodava de um lado a outro sem saber qual direção tomar.
Na cozinha o pica pau preparava seu almoço enquanto o bem te vi só sabia fofocar que o quero, quero andava  a perambular.
- Corram! Corram! Gritava o gavião apressado, chame o curió ele precisa acordar a natureza e avisar a todos, Vejam! Desce das montanhas garotos com seus alçapões.
Foi àquela correria o sabiá convocou uma assembleia os passarinhos boquiabertos gritam para o beija- flor estica o fio do telefone avisa a brisa ela saberá o que fazer para que aqueles garotos malvados recebam uma lição e nunca mais volte aqui no reino dos pássaros.
O gavião empina o peito e impondo autoridade eu me encarrego deles e nunca mais irão pensar em chegar perto de um passarinho. Agora corram para o carvalho onde só o olho do sol possa avistar. Quem não é passarinho não corre perigo, mas fiquem atentos ao meu aviso lancem contra aqueles malvados. Concluiu o gavião.
A ordem foi obedecida e num esvoaçar de asas foram se proteger. Os garotos chegaram o papagaio muito malandro foi logo se adiantando em levar os dois para uma armadilha.
- Eu não gosto de passarinhos são muito exibidos só porque sabem cantar. Venha! Eles estão naquela direção lá tem um bosque cheio de sementes maduras vamos lá tem muitos curiós. Corram.. Curupaco!  Curupaco repetia o papagaio.
Os meninos empolgados pensando que dessa vez levaria uns dez ou doze o que daria um bom dinheiro e seguiram com os olhos brilhando de maldades.
O que encontraram foi um gavião furioso que atacava bicando a cabeça batendo com os pés, os garotos  com os braços aranhados começaram a correr quando saíram animais de todo canto avançando sobre eles que amedrontados corriam como se tivessem rodas nas canelas.
O carvalho que a tudo observava  em silêncio não se conteve quando todos os passarinhos começaram a festejar , e com um farfalhar de galhos aplaudia a astucia do gavião.






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AS PIPAS